Jornal Correio Braziliense

Economia

Governo estará atento à volatividade do dólar, diz Mantega

O ministro Guido Mantega disse nesta quarta-feira (21/10) que uma eventual entrada de dólar no país por meio da capitalização da Petrobras seria contida com a participação do governo na compra da moeda, fazendo com que menos fluxo interfira na volatividade do câmbio. De acordo com o ministro, no caso hipotético de entrarem US$ 25 bilhões com a participação dos acionistas minoritários da Petrobras, o governo agiria por meio do programa de recompra da moeda norte-americana, aumentando assim as reservas internacionais, hoje em US$ 230 bilhões.

"Não estamos falando em US$ 500 bihões como vão ser os recursos provenientes do pré-sal no futuro, mas de algo entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões", disse Mantega. Ele explicou que o governo estará atento à volatividade do câmbio para que o real apreciado não atrapalhe a produção nacional. Mantega ressaltou que é necessário que o país esteja atento aos problemas de uma entrada excessiva de dólares fazendo com que o consumo de produtos seja substituído pela importação, o que geraria desemprego no futuro. Mantega disse também que a medida de taxar em 2% o capital estrangeiro que vier ao país não pôde ser discutida com a sociedade por se tratar de uma medida que interfira diretamente no câmbio. "Eu poderia ser processado pela CVM (Comissão de Valores Móveis) por passar uma informação privilegiada ao mercado. Mas agora que já editamos a medida eu vou discutir com setores para ver a aceitação do IOF".

Mantega disse ainda não acreditar que a taxação do capital estrangeiro possa conter a abertura de capital de empresas na bolsa (IPO, na sigla em inglês). Também afirmou que o governo não descarta editar novas medidas para conter a volatividade do câmbio caso perceba que o IOF não está dando resultado. "Isso que fizemos agora (de taxar a entrada apenas do capital e não somente a saída, como defende boa parte do mercado) não impede que possamos editar novas medidas. É mais fácil tributar a entrada porque o capital ao chegar ao país tem de fazer a conversão, na saída é mais complicado".