Jornal Correio Braziliense

Economia

Preço do álcool está na mira do governo

O ministro da Agricultura, Reynhold Stephanes, disse nesta quarta-feira, 14, que o mercado de álcool poderá sofrer intervenção do governo caso os preços do produtos permaneçam elevados. Segundo ele, o governo dispõe de mecanismos para intervir no mercado, se necessário. O ministro adiantou que uma das medidas possíveis para a intervenção é reduzir o financiamento para a formação de estoques. Segundo Stephanes, não está descartada a possibilidade de corte no volume de álcool adicionado à gasolina. A redução da mistura, contudo, foi contestada em estudo divulgado pelo Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que defendeu o contrário. O trabalho concluiu que o etanol de cana-de-açúcar, como substituto da gasolina, é uma das soluções mais baratas para reduzir emissões dos gases do efeito estufa.

Segundo o estudo, o uso do etanol de cana-de-açúcar como substituto da gasolina está entre as maneiras mais baratas e fáceis de reduzir as emissões dos gases do efeito estufa. O etanol de cana fornece cerca de oito vezes mais a energia usada para produzi-lo e a adoção de novas variedades de cana e de processos poderia aumentar a sua eficiência ainda mais. A maioria dos carros novos no Brasil pode ser abastecida com etanol sozinho e os benefícios ambientais do biocombustível são redobrados pela queima do bagaço nas usinas termelétricas e às vezes até mesmo alimentando a rede elétrica. "Como o etanol já é competitivo com a gasolina nos preços atuais do petróleo, o custo adicional (de se adotar o etanol) é zero", disse Isaías Macedo, um dos autores do estudo da Unicamp. "E a possibilidade de produzir etanol em diversos países o torna especialmente atraente."

O Brasil é o maior produtor mundial de etanol de cana-de-açúcar. Os Estados Unidos são o principal fabricante de etanol do mundo, mas o combustível é feito a partir do milho, cuja produção energética é quase igual àquela usada para produzi-lo. A substituição gradual da gasolina pelo etanol a partir da introdução dos carros flex, a partir de 2003, e a mistura de 20% a 25% de etanol em toda a gasolina vendida no Brasil, combinadas com a co-geração de energia por meio da queima do bagaço nas usinas, reduziram drasticamente as emissões de gás de efeito estufa. Apenas em 2006, as emissões nos setores de transporte e de geração de energia foram 22% menores do que seriam se os carros do país consumissem apenas gasolina, de acordo com o estudo.