O interesse dos investidores em aplicações mais arriscadas e rentáveis voltou a enfraquecer o dólar nesta quinta-feira, fazendo a moeda norte-americana buscar novas mínimas em relação ao real.
O dólar caiu 1,03 por cento, para 1,738 real. É a primeira vez desde 8 de setembro de 2008 que a taxa de câmbio termina o dia abaixo de 1,75 real.
[SAIBAMAIS]"Hoje, lá fora, tudo virou um mar de rosas", disse Mario Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora, em referência ao maior apetite dos investidores após números que sustentam a avaliação de que as principais economias do mundo se recuperam após a profunda crise do último ano.
Entre os dados com mais repercussão estavam o lucro da Alcoa no terceiro trimestre, o aumento das vendas de grandes varejistas norte-americanas e a melhora do mercado de trabalho nos Estados Unidos e na Austrália.
As commodities, com destaque para o petróleo, tinham alta de 2,14 por cento às 16h37, segundo o índice Reuters-Jefferies. Já o índice do dólar em relação a uma cesta com as principais moedas tinha queda de 0,74 por cento.
Pesquisa Reuters divulgada nesta quinta-feira mostrou que analistas em todo o mundo não esperam que o dólar recupere o espaço perdido nos últimos meses diante das moedas emergentes, incluindo o real. A mediana das cerca de 50 estimativas colocou o dólar a 1,76 real ao final de um período de 12 meses, perto do atual patamar.
Economistas do banco de investimentos Goldman Sachs citaram, em relatório, a probabilidade de que o real se fortaleça ainda mais até o final do ano por causa da expectativa de que o fluxo de capitais para o país continue vigoroso, principalmente por conta das operações financeiras.
BC mantém estratégia
A queda do dólar ganhou fôlego adicional nos últimos minutos de sessão, após o leilão de compra de dólares do Banco Central.
Um operador que preferiu não ser identificado afirmou que o BC comprou relativamente pouco em relação ao fluxo percebido no dia, mas lembrou que a queda adicional da moeda se deve mais ao fato de que, em condições favoráveis, o mercado freia a baixa do dólar antes das atuações do BC para poder vender os dólares à autoridade monetária a um preço mais alto.
Após a operação, a resistência à queda tende a diminuir.
Além disso, com base nas informações dos últimos dias, a avaliação do mercado é de que o BC não tem reduzido a intensidade dos leilões para enxugar o excesso de liquidez --e continua a comprar "agressivamente", nas palavras do ministro da Fazenda, Guido Mantega.
O dado que aponta acréscimo de apenas 58 milhões de dólares nas reservas internacionais por meio de intervenções no mercado de dólar à vista nos dois primeiros dias de outubro refere-se a leilões feitos no final de setembro em dias de fluxo igualmente fraco. Eles aparecem em outubro porque foram liquidados neste mês.
Já a compra maciça dos bilhões de dólares atraídos pelo IPO do Santander, conforme reportado por profissionais de mercado, é somente uma repetição da estratégia adotada diariamente pela autoridade monetária nos últimos meses, com um volume maior por causa do aumento pontual do fluxo.