A ofensiva dos bancos públicos para ganhar mercado por meio do crédito continua. O Banco do Brasil decidiu elevar em R$ 4 bilhões o volume disponível para o consignado, voltado para servidores públicos, aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). São cerca de 2 milhões de clientes que poderão pegar mais dinheiro para consumo diverso ou pagamento de contas com desconto em folha.
Segundo o vice-presidente de Crédito, Controladoria e Risco Global do BB, Ricardo Flores, o crédito consignado é o que mais cresce dentro da carteira destinada à pessoa física no banco. O estoque desse tipo de crédito já alcança R$ 20 bilhões dentro de uma carteira que soma R$ 68,477 bilhões no Banco do Brasil. Antes da elevação do volume de financiamento, o consignado já representava 36% dos empréstimos totais destinados aos consumidores.
"Estamos estimulando o consumo a uma taxa de juros mais barata para o consumidor e com o menor risco de crédito para o banco", disse Flores. De acordo com o vice-presidente, o BB é o mais competitivo nesse segmento no mercado. A taxa de juros dos empréstimos consignados no banco varia, em função do prazo de financiamento, de 0,85% ao mês a 2,02%. Mesmo a taxa mais alta, válida para os financiamentos com prazo de pagamento de 60 meses, é mais baixa que o teto fixado pela Previdência Social para o empréstimo para os segurados do INSS, que baixou para 2,34% ao mês.
Esse é o quarto movimento de expansão do crédito no Banco do Brasil este ano. Em maio, o BB colocou R$ 13 bilhões à disposição de 10 milhões clientes pessoas físicas. Em junho, foi a vez de 303 mil pequenas e microempresas terem acesso a crédito no valor de R$ 11,6 bilhões para capital de giro. Em setembro, o BB investiu fortemente em vários segmentos, colocando à disposição de pessoas físicas, empresas, prefeituras e produtores rurais R$ 36,7 bilhões.
Graças a esse movimento, aliado à compra de outras instituições, como o Banco Votorantim, o BB voltou a ser o maior banco do país. De abril a junho deste ano, a carteira de crédito da instituição cresceu 5,4%. No mesmo período, o seu principal competidor entre os bancos privados, o ItaúUnibanco, viu a carteira de crédito encolher 2,5%. No crédito consignado, o BB detém 32,6% de participação no mercado.
Mercado
De acordo com o Banco Central, o ganho de mercado dos bancos públicos é acelerado após a crise econômica. De setembro de 2008 a agosto deste ano, os bancos públicos ganharam captação e clientes com a elevação do crédito. Com isso, a participação dos bancos públicos no mercado passou de 34,2% para 40,4% no período. Ao mesmo tempo, os privados viram sua participação encolher de 44,4% para 40,7%. As instituições estrangeiras também encolheram no período, saindo de 21,4% para 18,9%.
Além do crédito consignado, o Banco do Brasil vê espaço para crescer na oferta de crédito para as micro e pequenas empresas com o Fundo Garantidor de Operações. Até o momento, o BB é, sozinho, responsável por mais de 8 mil empréstimos, que somam R$ 270 milhões. Para se habilitarem a utilizar o fundo, as instituições financeiras devem contribuir com 0,5% do valor garantido em carteira.