Frases
"Não vejo esta riqueza estacionada em três ou quatro estados da Federação. O Espírito Santo quer ser parte da felicidade de um país inteiro"
Paulo Hartung, governador do Espírito Santo
"Se concentrarmos as receitas do pré-sal em duas ou três cidades, estaremos reforçando a concentração do desenvolvimento"
Jaques Wagner, governador da Bahia
"Precisamos olhar para o Brasil de hoje: temos um país extremamente desequilibrado regional e socialmente"
Eduardo Campos, governador de Pernambuco
Impasse sobre o nome
O impasse para o nome da nova estatal ainda continua. Em entrevista ao Correio, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que o governo não conseguiu convencer o dono da marca a cedê-la ao governo.
;Estamos tentando convencer o dono desta marca a nos cedê-la. Não foi possível ainda ter um contato direto com o proprietário. Se não conseguirmos, vamos adotar um outro nome;, disse. Questionado se o governo está fazendo uma proposta em dinheiro, o ministro descartou a hipótese. ;Esperamos que o espírito público desse brasileiro nos ajude a resolver esse problema;.
Desde 2006, Carlos Guerra, microempresário de Mossoró, no Rio Grande do Norte, é dono do nome que o governo quer dar à nova estatal. Coincidentemente, a Petro-Sal mossoroense é prestadora de serviços para empresas terceirizadas da Petrobras. Ela atende também indústrias de refino de sal. (KM)
Votação das regras será acelerada
A distribuição dos royalties do pré-sal deveria ser votada no Congresso logo após a definição do marco regulatório e não só em 2011, como afirmou o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), relator do projeto que estabelece o regime de partilha para os novos campos. Essa é a proposta do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). ;É provável que comece nessa legislatura porque é possível que haja parlamentares, assim como governadores, que gostariam que isso seja discutido agora, particularmente os estados produtores e os municípios que têm uma arrecadação excepcionalmente alta em função das regras atuais;, argumentou.
Chinaglia observou que, como na partilha não há a participação especial, a votação deve se acelerar. ;Não vai passar desapercebido. Acho, então, que é um ponto de equilíbrio a gente dizer: primeiro, vamos reconhecer o marco regulatório e fica o compromisso de, em seguida, discutirmos como é que vai ser repartida essa riqueza;, ponderou. Como a expectativa do ministro Edison Lobão é de que as licitações do pré-sal comecem no primeiro semestre de 2010, e isso só poderá ser feito com o marco regulatório aprovado, então, os royalties devem entrar no radar do Congresso em 2010.
O deputado Antonio Palocci (PT-SP), relator do projeto do fundo social, considera a partilha o conceito mais adequado para o pré-sal. ;Acredito que o modelo atual (concessão) funciona muito bem para o que foi proposto e o atual me parece adequado (partilha). A empresa vai partilhar os investimentos e partilhar os resultados. E mais: vai partilhar o que quiser partilhar, porque vai ganhar com a proposta que fez, não a que o governo impôs;, defendeu.
O senador Renato Casagrande (PSB-ES) comparou o fundo social a uma poupança de longo prazo. ;O governo definiu prioridades que são coerentes para o melhor uso desse dinheiro. Investir em ciência e tecnologia, mas sem perder de vista a construção de uma matriz energética variada e com foco forte também na energia limpa, como a do biodiesel.; Ele também considera que o modelo de partilha é interessante por causa da maior possibilidade de controle do governo.
Para o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP), a legislação atual que regula a exploração e os royalties do petróleo, que está com 12 anos, apresenta bom resultado. ;Hoje, o desafio é a administração;, afirmou. Ele acredita que o sistema de partilha pode ser aperfeiçoado. E alertou para o fato de que o novo modelo não dificulte ou limite a concorrência. ;Tem de haver absoluta segurança jurídica nessas operações;, reforçou. Quanto ao fundo soberano, ele sugeriu que alguns cuidados sejam tomados. O foco da aplicação dos recursos deve ser voltado educação, ciência e tecnologia.
Ao abrir o seminário Pré-Sal e o Futuro do Brasil, na terça-feira, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (foto), deu exemplos claros do interesse dos investidores estrangeiros na extração do petróleo em águas ultraprofundas. Segundo ela, o aumento do número de inscrições na última licitação de blocos de petróleo já demonstrou o apetite do capital internacional sobre as reservas brasileiras. Dilma reforçou ainda as manifestações diretas de árabes e chineses, que confirmaram apenas aguardar as novas ;regras do jogo; para aportarem recursos no país.
Assista a videorreportagem sobre o Seminário Pré-Sal