Jornal Correio Braziliense

Economia

Veículos: motor mais potente melhora o desempenho do Siena

No entanto, relações de transmissão tiram o brilho do carro na cidade, ao contrário do que acontece na estrada depois que embala

Paulo Eduardo

Os ganhos de torque e potência são significativos no motor 1.0 Fire. As potências passaram de 65cv, com gasolina, e 66cv, com álcool, para respectivamente 73cv (g) e 75cv (a). E os torques de 9,1kgfm (g) e de 9,2 (a) kgfm a 2.500rpm foram aumentados para 9,5kgfm (g) e 9,9kgfm (a) a 4.500rpm. Assim, é preciso elevar as rotações do motor para tirar o máximo de proveito possível. Afinal, o Siena EL (R$ 29.570) é pesado para um motor 1.0. Porém, ao passar a segunda marcha, a queda de rotação é inevitável. Ao elevar a rotação do motor novamente em segunda marcha e, em seguida, engatar a terceira, outra queda de rotação. É o que se chama popularmente de buraco entre as marchas.

Na estrada, quando o carro está embalado, nem parece 1.0, tal a desenvoltura. Aí, sente-se a diferença para o motor anterior com força (torque) e potência menores. O consumo com álcool na estrada variou de 9,5km/l a 11km/l e de 13km/l a 14km/l com gasolina, com ar-condicionado desligado. No trânsito urbano é possível sentir a falta de relações mais curtas nas segunda e terceira marchas. O consumo urbano, também com ar-condicionado desligado, variou de 6,5km/l a 7,3km/l com álcool, e de 9km/l a 9,5km/l com gasolina.

Novidades
A diferença principal da versão EL para a ELX é a ausência de cromados nas laterais e traseira, permanecendo apenas na grade frontal, e os faróis têm um refletor apenas. Na traseira, as lanternas estreitas e retangulares no estilo Alfa Romeo são o grande atrativo. Foi a melhor alteração estilística da carroceria. Criada para combater diretamente o sucesso do VW Voyage, a versão EL tem muitos equipamentos de série.

O interior é o mesmo da versão ELX, com bom acabamento, forração dos bancos em tear fino e três apoios de cabeça no banco traseiro. Falta apenas o cinto central retrátil de três pontos. Os concorrentes do Siena pecam ao não equipá-los com o apoio de cabeça central traseiro. Ponto para o Fiat. Freios ABS e airbags frontais são opcionais.

Mesmo com a queda de rotações nas primeira marchas e trocas constantes, o Siena agrada ao motorista. A calibragem deixa a direção leve, o que facilita as manobras. O rodar é macio, mas a inclinação excessiva da carroceria incomoda. O espaço interno é razoável, e o porta-malas, que pode ser aberto por dentro, assim como a portinhola do tanque, tem espaço de sobra. E o que mais atrai nos sedãs, além das linhas da carroceria, é o espaço para bagagem. Um detalhe que poderia ser revisto é o comando estreito do comando de rádio, que dificulta o manuseio.

; Equipamentos

De série
Banco traseiro rebatível, bancos dianteiros com regulagem milimétrica do encosto, bolsa porta-objetos nas portas dianteiras, bolsa porta-revistas no encosto dos bancos dianteiros, computador de bordo (distância, consumo médio, consumo instantâneo, autonomia, velocidade média e tempo de percurso), console central com porta-objetos e porta-copos (2 dianteiros e 1 traseiro), direção hidráulica, espelhos de cortesia motorista e passageiro, follow me home, limpador automático do para-brisa com intermitência, luz de cortesia dianteira com interruptor nas portas, My Car Fiat (personaliza várias funções do carro), preparação para som (fiação dianteira e traseira cabo para antena), relógio digital, retrovisores externos com comando interno, tomada 12V, ventilador (três velocidades).

Calotas integrais, grade frontal superior com acabamento cromado, maçanetas externas na cor preta, minissaias laterais na cor do veículo, para-choques na cor do veículo, retrovisores externos na cor preta, revestimento porta-malas completo, rodas em aço stampado 5.0 x 13 Pneus 165/70 R13, vidros climatizados verdes.

Alerta de limite de velocidade, alerta de manutenção programada, apoios de cabeça dianteiros com regulagem de altura, apoios de cabeça traseiros (três) rebaixados com regulagem de altura, bancos
com assento anti-submarining, terceira luz de freio (brake-light), capô retrátil com dobradiças de segurança, cintos de segurança dianteiros de três pontos retráteis com regulagem de altura, cintos de segurança laterais traseiros fixos de três pontos, Fiat Code, vidro traseiro térmico temporizado.

Opcionais
Airbag duplo e freios ABS, vidros dianteiros e traseiros elétricos, travas elétricas, retrovisores com regulagem elétrica, sensor de estacionamento, rádio CD player MP3/WMA com viva voz Bluetooth integrado, entrada de USB e conexão iPod, comando interno de abertura de porta-malas e resevatório de combustível, ar-condicionado, airbag, para-brisa degradê, rodas de liga leve aro 14, faróis de neblina, cintos de segurança retráteis laterais traseiros.

Quanto custa?
A versão básica do Siena EL 1.0 tem preço sugerido de R$ 29.570 e a completa, R$ 39.523.

; Avaliação feita pelo engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan

* Altura do solo
O cárter e a caixa de marchas, ambos construídos em alumínio, têm proteção por chapa em aço. Com 400kg de carga útil raspa levemente a zona central e anterior do chassi ao transpor quebra-molas salientes e curtos, e no uso sobre estrada de terra com várias imperfeições usuais. Em saídas de garagem em desnível raspa a chapa protetora somente com condutor.

* Climatização
É por comando manual. Está bem vedado. Apresentou bom funcionamento, com boa vazão pelos difusores de ar do painel, que têm também boa angulação do corpo e aletas. O tempo gasto para climatizar todo habitáculo foi razoável. Com o habitáculo já climatizado, o ruído de rotação do ventilador da caixa de ar é alto, mesmo já na velocidade mais baixa.

* Freios
Apresentaram um bom comportamento dinâmico, e o ABS está bem calibrado. O pedal de freio tem boa sensibilidade e relação, e o sistema apresentou reações uniformes nos dois eixos. Em frenagem simulada de emergência sobre piso de terra cascalhada e asfalto seco, manteve a trajetória e a desaceleração foi satisfatória. O freio de estacionamento atuou normal. Não ocorreu perda de eficiente frenante no sistema, após uso mais severo.

* Câmbio
Para trabalhar junto com esse novo motor potenciado, com bons índices para sua cilindrada e arquitetura do cabeçote, o câmbio homologado não proporciona a dinâmica esperada, mesmo levando-se em consideração a massa do veículo ar-condicionado e direção hidráulica. As trocas são constantes e é necessário manter a rotação do motor elevada. A qualidade de engate é boa e o curso da alavanca longo. A embreagem está bem dimensionada e suportou o esforço em arrancadas sequenciais em longa subida.

* Motor
A sua curva é digna de um multiválvulas, em que o torque máximo atua a 4.500rpm (muito alto para motor de 1.0 de oito válvulas), e a potência máxima está numa rotação altíssima (6.250rpm), pouco atingida numa condução normal no uso urbano e em rodovias. O desempenho é discreto, e em algumas situações de relevo é muito lento.

* Nível interno de ruídos
O habitáculo apresentou um nível contido de ruídos quando se trafega sobre piso de terra, asfalto ruim, e paralelepípedo. O efeito aerodinâmico é notório e crescente a partir de 100km/h.

* Suspensão
O conforto de marcha não tem um bom acerto para o uso misto, com somente condutor ou carregado, devido o nível da transferência das imperfeições do solo para dentro. A estabilidade é boa no uso normal do automóvel, mas a inclinação da carroceria é notória e também perde um pouco na precisão no contorno de curvas de raios variados.

* Volume do porta-malas
O declarado pela fabrica é de 500litros, o mesmo encontrado na nossa medição.