Não teve força a realização de lucros da abertura e a bolsa de valores brasileira fechou o primeiro pregão da semana com o seu principal índice em alta, renovando a máxima do ano e aproximando-se ainda mais dos níveis de julho de 2008. A reversão das perdas foi puxada principalmente pelos ganhos das ações da Vale, embora a Petrobras também tenha ajudado, assim como a melhora em Wall Street à tarde. O Ibovespa fechou em alta de 0,86%, aos 58.867 pontos - maior patamar desde 31 de julho de 2008 (59.505 pontos). Na mínima, o índice chegou acair 1,05 por cento, a 57.753 pontos. O volume financeiro do pregão totalizou R$ 4 bilhões.
O embate comercial entre China e Estados Unidos gerou desconforto nas praças globais e serviu como pretexto para vendas desde cedo, contaminando a abertura do pregão brasileiro. Após Washington impor tarifas adicionais para pneus importados da China, Pequim reagiu, abrindo investigação de antidumping sobre produtos à base de frango e veículos norte-americanos e pedindo consulta junto à Organização Mundial do Comércio (OMC). A apreensão do mercado é que a China possa adotar medidas retaliatórias em outros setores.
[SAIBAMAIS]No final da manhã, contudo, o Ibovespa descolou-se de seus pares norte-americanos e passou a registrar ganhos, ajudado pela recuperação das blue chips Petrobras e Vale, que abandonaram o território negativo, mesmo com o petróleo e os metais em queda no exterior. No fechamento da sessão, Vale acelerou os ganhos e a preferencial terminou em alta de 1 por cento, a 34,49 reais; enquanto a preferencial da estatal, que chegou a voltar ao campo negativo, encerrou com valorização de 0,30%, a R$ 33,24.
No meio da tarde, os principais índices em Nova York firmaram trajetória ascendente, o que fortaleceu o índice brasileiro. No fechamento, o Dow Jones subiu 0,22 por cento e o S 500 aumentou 0,63%.
"O fluxo para a bolsa local é grande e quando os preços das ações caem um pouco, logo entra comprador", explicou o sócio da MH Advisors, Marcelo Chakmati. "As baixas taxas de juros no mundo todo e a melhora do cenário continuam ajudando muito as bolsas, principalmente a brasileira, uma vez que o país tem atravessado bem a crise até o momento", acrescentou.
Apesar dos ganhos, o estrategista de renda variável para pessoa física da corretora Santander Real, Maurício Ceará, ponderou que o dia foi fraco, sem dados econômicos importantes, com as operações restritas a giro e estrangeiros ausentes dos negócios. "Nada que justifique uma alta consistente".
Um experiente gerente de renda variável de uma corretora no Rio, que preferiu não ser identificado, concorda com a assertiva do colega do Santander. "Não houve nada de novo que justificasse a 'puxada'. Como o mercado está muito pequeno, fica fácil uma mudança de direção como a que ocorreu".
As ações da Oi permaneciam entre os destaques de alta, dando continuidade ao movimento da semana passada, na esteira da oferta de compra da Vivendi pela GVT, sob a avaliação de que os papéis da Oi estariam defasados em relação aos seus pares. O papel ordinário valorizou-se 3,07%, a R$ 39,33, enquanto a preferencial avançou 2,95%, a R$ 32,77. O maior ganho do Ibovespa, contudo, foi apurado por Aracruz, com elevação de 5,04%, a R$ 3,96, seguida por Gafisa, com apreciação de 3,82%, a R$ 28,30.