Ouça a entrevista do presidente do Banco Central
O presidente do BC garante que o Brasil está pronto para crescer por um longo período a taxas expressivas, sem pressões inflacionárias. Para os que temem os efeitos de uma nova onda de crise, ele tranquiliza: "Nosso poder de fogo é grande. Temos um arsenal de medidas pronto para ser usado".
Veja, a seguir, trechos da entrevista que Henrique Meirelles concedeu ao Correio Braziliense.
Ao contrário dos países mais ricos, a recessão no Brasil foi rápida e menos profunda. Diante do crescimento do PIB no segundo trimestre, de 1,9%, há uma ala de economistas dizendo que o Brasil saiu mais forte da crise do que entrou. O senhor concorda?
Sim. O Brasil já entrou mais forte na crise porque sua posição relativa em relação aos demais países emergentes e países avançados melhorou. Por isso, o nosso crescimento pós-crise está se dando de forma mais rápida e mais forte. Além do mais, os sólidos fundamentos da economia brasileira foram preservados durante a crise. As reservas internacionais do país estão maiores do que na entrada da crise (US$ 220 bilhões contra US$ 205 bilhões em agosto de 2008). A situação fiscal do Brasil é bem mais confortável do que a média do países do G-20 (grupo das 20 nações mais ricas do planeta). O sistema financeiro nacional tem o mesmo nível de capitalização de antes da crise. O desemprego também está em níveis pré-crise. Portanto, o país preservou suas condições fundamentais. Ou seja, o Brasil tinha recursos quando entrou na crise e tomou as medidas corretas na hora certa.
Havia muitas dúvidas quanto à capacidade do governo de administrar o país em meio a uma crise. O discurso dos críticos era o de que o Brasil não se aproveitou da bonança mundial para crescer mais. O que o senhor tem a dizer a essas pessoas?
Digo que o Brasil provou que estava no caminho correto. O país estava crescendo antes do estouro da crise acima da média mundial (6,8%), um crescimento que vinha subindo ao longo do tempo devido à ampliação dos investimentos, ancorado na estabilidade econômica, na inflação nas metas, em uma política de câmbio flutuante e em uma dívida pública cadente em relação ao PIB em função do superávit primário e dos juros reais (que descontam a inflação) cadentes. Então, o importante é que o Brasil entrou na crise com fundamentos sólidos, não sacrificou esses fundamentos para tentar crescer um pouquinho mais e depois ter um retrocesso.
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