O gás de cozinha está mais caro em todo o país. Desde março, o preço do botijão não para de subir e já acumula alta de 9,91% em média. Em alguns estados - como é o caso do Paraná -, os revendedores reajustaram os valores cobrados no varejo mais de uma vez no ano. Na primeira semana de setembro, o consumidor pagou R$ 36,70 pelo produto, conforme pesquisa da Agência Nacional de Petróleo (ANP) em todos os estados. Em março, desembolsava R$ 33,91. A variação nos preços entre agosto e setembro chegou a 0,9%.
[SAIBAMAIS]Esse movimento foi captado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Até julho, a previsão era de reajuste zero para o botijão, pois não se tinha notícias de aumentos por parte da Petrobras, que abastece as distribuidoras. Mas, na ata divulgada nesta quinta-feira (11/09), referente à reunião da semana passada do Comitê, quando a taxa básica de juros (Selic) foi mantida em 8,75%, o BC passou a estimar alta média para o produto de 6,9% neste ano.
No Distrito Federal, o aumento acumulado está em 6,46%. O botijão de 13kg vem sendo comercializado a R$ 42,83 (preço médio), o terceiro mais caro do Brasil, atrás apenas de Mato Grosso (R$ 46,33) e do Mato Grosso do Sul (R$ 44). O presidente da Associação Nacional dos Revendedores de Gás Liquefeito de Petróleo (Asmirg), Alexandre Borjaili, responsabiliza as empresas distribuidoras. Segundo ele, o reajuste é resultado do repasse do aumento do custo da mão de obra. "As companhias dizem que é por causa dos acordos e das convenções coletivas. Uma explicação que não justifica uma alta tão grande", resumiu.
Depois do último aumento, em 1º de setembro, a Asmirg protocolou denúncia no Ministério da Justiça e prepara um novo documento para enviar ao Ministério Público Federal. "Estamos esperando informações dos revendedores de todo o país para finalizar o documento. Vamos denunciar o abuso nos preços", explicou Borjaili. Ele citou como exemplo o Amazonas, onde o gás custa R$ 28,33. "Três empresas são responsáveis pela distribuição e elas não atuam em nenhum outro lugar do país. Onde o preço aumentou, e muito, estão as cinco empresas que dominam o mercado no país. Não é uma mera coincidência", completou.
O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás) informou que não se manifesta sobre aumentos de preços. De acordo com a entidade, cada companhia tem a sua própria política. Procuradas pelo Correio, algumas das maiores distribuidoras do Brasil não se manifestaram. Os preços do GLP na Petrobras estão congelados desde dezembro de 2002. O Sindigás tem como associadas a Amazongás, a Fogás, a SHV Gás Brasil, a Nacional Gás Butano, a Liquigás, a Repsol Gás e a Ultragaz. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse não ter informação sobre reajustes do gás de cozinha. "Não tenho notícia disso, a decisão não é do ministério", resumiu.
Energia e telefonia
Além do gás de cozinha, os brasileiros terão de arcar com aumento médio neste ano de 5,4% nas tarifas de telefonia fixa. Há pouco mais de um mês, a estimativa do Copom era de alta de 5%. Quanto à energia elétrica, houve revisão para baixo nas projeções médias do Comitê: de 5% para 1,1%, graças ao forte recuo das tarifas em São Paulo.
(Colaboraram Luciano Pires, Vicente Nunes e Karla Mendes)