As provas foram anuladas e remarcadas, mas os problemas dos 59 mil candidatos ao concurso do Ministério da Justiça estão longe de chegar ao fim. A Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino e Assistência (Funrio), organizadora da seleção, reservou novamente os locais de prova em BrasÃlia e informou que devolverá as taxas de inscrições aos desistentes, mas isso não será suficiente.
[SAIBAMAIS]A pedagoga Érika Brasil, de 34 anos, mora no EspÃrito Santo e percorreu 1,2 mil km para fazer a prova para agente administrativo no domingo último. Viagem perdida. Ela fez o exame na Unieuro, onde não houve confusão. "Só fiquei sabendo que o concurso teve problema quando saÃda sala e vi as viaturas da polÃcia", conta.
Com a anulação, ela diz que não terá condições financeiras para voltar a BrasÃlia em 27 de setembro. "O edital de abertura previu inicialmente a prova para 23 de agosto, comprei a passagem com desconto e tive que remarcá-la para o último dia 5, o que aumentou meu gasto em R$ 200. Fica complicado pagar tudo de novo", lamenta. Para tentar solucionar a questão, Érika enviou e-mail tanto para o órgão quanto para a Funrio pedindo o ressarcimento do prejuÃzo. Até o momento, não teve resposta. "O edital é cheio de deveres para os candidatos. Quando acontece coisas assim, das quais não temos nenhuma culpa, somos prejudicados sem ter nem resposta da empresa", reclama indignada e completa: "Vou buscar meus direitos na Justiça".
Dilema
Jacira Cardoso Silva, 34 anos, ouviu todo o tumulto na porta da Unip (913 Sul) na hora de iniciar a prova. A falta de energia elétrica provocou um atraso de meia hora, agitando ainda mais os candidatos. Para a graduada em letras isso não atrapalhou sua concentração. Agora, no entanto, a preocupação é outra: ela está inscrita para a seleção da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), também marcada para 27 de setembro. "Duas provas no mesmo dia não será nada fácil e a organizadora (Fundação Carlos Chagas, responsável pelo concurso da Enap) não divulgou os locais nem a hora da prova. E se não der tempo de me deslocar de um lugar ao outro, como fica?", questiona.
Na opinião das duas candidatas, a Funrio perde credibilidade e se descredencia para organizar outras seleções. "Estou inscrita para o Ministério do Planejamento (também organizada pela Funrio). Se não tivesse pago a taxa, pensaria muito em fazer esse concurso", revela Érika.
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