Jornal Correio Braziliense

Economia

G20 começa a discutir a reforma do sistema financeiro

O G20 das Finanças vai se reunir nesta sexta-feira (4/09) e sábado, em Londres, para discutir uma regulação maior do sistema financeiro, na tentativa de evitar uma repetição da última crise e centrando-se no fim dos prêmios excessivos aos banqueiros. Nesses dois dias, os ministros de Economia e presidentes de bancos centrais do grupo das principais economias industrializadas e emergentes vão preparar a Cúpula de chefes de Estado e de Governo que será realizada nos próximos dias 24 e 25 de setembro em Pittsburgh (noroeste dos Estados Unidos). França, Alemanha e Japão acabaram de sair oficialmente de sua pior recessão desde a Grande Depressão dos anos 1930, e a economia americana parece estar se recuperando: neste contexto, os representantes debaterão também as estratégias para a saída das excepcionais medidas fiscais e monetárias adotadas há um ano para combater a crise. Porém, tanto o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, como o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, consideram que ainda é cedo para tomar esta atitude. "Temos os primeiros sinais de crescimento neste país (Estados Unidos) e no mundo", declarou Geithner na quarta-feira. "Viemos de muito longe, mas acredito que temos de ser realistas, o caminho ainda é longo", acrescentou. Brown, que se declarou cautelosamente otimista sobre os sinais de uma saída da recessão, foi mais além em uma entrevista ao Financial Times, dizendo que seria um erro histórico pensar que agora podemos voltar às atividades de antes como se nada tivesse acontecido". Entre as medidas extras adotadas para reformar o sistema financeiro e prevenir uma repetição da situação atual, a maioria dos europeus defende em Londres um limite para os generosos prêmios concedidos a executivos de bancos. Eles foram considerados um dos fatores desencadeadores da crise iniciada em agosto de 2007 e que esteve, em parte, motivada pelo excesso de operações puramente especulativas nos mercados. Mas a iniciativa da França deve se chocar com a dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha. Esta última, preocupada em proteger a City como centro financeiro mundial, pode apresentar uma proposta alternativa para regular em vez de reduzir. Aumentar o controle dos bancos e incentivá-los a ter reservas maiores para enfrentar quebras como a do americano Lehman Brothers - considerado o epicentro da crise - também estão entre as questões a serem debatidas. As potências emergentes, lideradas por Brasil e Índia, exigem, por sua vez, uma importante reforma nos organismos financeiros internacionais (FMI e Bird) para que tenham mais poder de decisão dentro deles. "O risco é que, se a crise terminar antes, algumas reformas não serão feitas de maneira profunda", disse segunda-feira o chanceler brasileiro, Celso Amorim, após uma reunião preparatória em Brasília. A reunião do G20 também deve abordar o tema do financiamento internacional da luta contra mudança climática antes da cúpula mundial de dezembro em Copenhague.