Jornal Correio Braziliense

Economia

Crise imobiliária aumenta casos de depressão nos EUA

Mais de um terço dos norte-americanos que perderam suas casas após a crise imobiliária sofre de depressão grave, de acordo com um estudo publicado no American Journal of Public Health nesta terça-feira. [SAIBAMAIS]Os pesquisadores da faculdade de medicina da Pensilvânia entrevistaram 250 proprietários da área da Filadélfia (Pensilvânia, leste dos Estados Unidos) no momento em que sua propriedade foi confiscada. Quase metade deles apresentava sintomas de depressão após o despejo, e 37% sofriam de depressão grave, afirmam os pesquisadores. O movimento, sem precedentes, de apreensões de casas nos Estados Unidos, decorrente da crise financeira, "é também uma crise de saúde", diz o doutor Craig Pollack, principal autor do estudo. Ele ressaltou que a situação poderá ser pior em outros grandes centros urbanos, onde a taxa de despejos e de desemprego é muito superior à da Filadélfia. Nesta cidade, o despejo de propriedades quase duplicou entre 2007 e 2008. "As excepcionalmente altas taxas" de sintomas depressivos identificados neste estudo é de especial preocupação, observa o médico, apontando que as pesquisas anteriores indicam uma taxa de depressão em cerca de 12,8% dos americanos que vivem abaixo da linha da pobreza. Os pesquisadores também descobriram que 22% das pessoas cujas casas foram apreendidas não tinham seguro saúde, contra 8% que não tinham seguro saúde em uma mostra representativa da população americana escolhida pelos pesquisadores. A partir disso, os pesquisadores constataram que os dois grupos tiveram de enfrentar problemas de saúde parecidos nas mesmas proporções. Quase 60% dos participantes do estudo da Philadelphie indicaram ter pulado uma refeição porque não tinham como comprar comida suficiente. Deles, 48% decidiram não comprar remédios, por falta de dinheiro. O estudo revelou que, para 9% dos indivíduos do estudo, um problema médico na família e as despesas ocasionais foram a principal razão que levou à apreensão de sua casa. Mais de um quarto dos participantes indicaram ter um número importante de faturas médicas não pagas. Para o doutor Pollack, mais as dificuldades precedentes da apreensão imobiliária se prolongam, mais os efeitos sobre a saúde das pessoas confrontadas a este problema podem ser profundos. As dificuldades financeiras forçam os proprietários a cortar suas despesas de saúde consideradas não-indispensáveis como os cuidados preventivos, a compra de alimentos frescos ou medicamentos para tratar das doenças crônicas como a hipertensão. Além disso, o estresse provocado por um despejo pode exacerbar os maus comportamentos. Entre os participantes fumantes do estudo, 65% reconheceram estar fumando mais desde que receberam a ordem de despejo.