Jornal Correio Braziliense

Economia

Vendas varejistas caem e entravam recuperação econômica dos EUA

As vendas no varejo caíram 0,1% em julho nos Estados Unidos, revelaram dados do governo divulgados nesta quinta-feira, em um relatório que destaca a fraca demanda dos consumidores, vital para a saída da recessão econômica. O dado do departamento de Comércio surpreendeu a maioria dos analistas, que esperavam um aumento mensal de 0,7% após dois meses seguidos de ganhos, e arruinou as expectativas dos que esperavam outro sinal animador para a recuperação. "Isto é ruim, um chamado à realidade para os otimistas", disse Ian Shepherdson de High Frequency Economics. Outro relatório, que indicou um aumento inesperado nos pedidos semanais de seguro desemprego, revelou por outro lado dados sobre a tendência do mercado de trabalho a se estabilizar. Segundo analistas, este é um fator que eventualmente pode animar os consumidores a colocarem a mão no bolso. O relatório sobre as vendas do varejos foi divulgado um dia depois de o Federal Reserve manter inalterada sua taxa básica entre 0 e 0,25%, conforme esperado. O documento indicou que, apesar dos sinais de melhora, a atividade provavelmente permanecerá fraca por um tempo. O dado mensal sobre as vendas varejistas indicou para onde aponta o gasto dos consumidores, que equivale a dois terços do crescimento da principal economia do mundo. Depois da queda no segundo semestre de 2008, o dado com ajuste de variações sazonais e que não reflete as mudanças de preços, só teve quatro meses de alta desde inícios do ano passado. O departamento de Comércio revisou para cima o aumento de junho, a 0,8%, contra os 0,6% esperados pelos analistas. As vendas de julho ficaram 8,3% abaixo de seu nível de um ano atrás. "O ritmo de queda das vendas se estabilizou em termos anuais. Mas precisamos muito mais que isso para deixar a recessão para trás", disse Robert Brusca da FAO Economics. A venda de carros e peças de reposição foram as que mais aumentaram, 2,4%, com a ajuda do programa do governo federal. Sem contar as vendas de automóveis, que podem variar muito de mês a mês, as vendas varejistas caíram 0,6% em julho, uma queda mais pronunciada que o esperado 0,1% e após o ganho de 0,5% de junho. Em um sinal ruim da fragilidade do consumo, que pode afetar a recuperação, as vendas varejistas de base, que exclui carros e combustíveis, por seu preço volátil- caíram pelo quinto mês consecutivo, 0,4%, após queda de 0,1% em junho. "A grande história é a base... a tendência ainda é claramente de queda", disse Shepherdson. O relatório sobre as vendas varejistas foi divulgado ao mesmo tempo em que o Wal-Mart, líder das vendas varejistas no mundo, indicou um segundo trimestre com ganhos superiores aos esperados pela empresa e pelos especialistas. Diversos economistas advertem que o consumo continuará sofrendo pressão, pelo menos até o início de 2010, pois as famílias continuarão economizando e o desemprego continuará elevado (atualmente está em 9,4%).