As contratações de temporários serão iniciadas em setembro, mas algumas empresas de recrutamento, como o Grupo Labor, de Brasília, já publicam anúncios em jornais para recrutar papais noéis. O aposentado Abílio da Cruz Pinto, de 65 anos, que trabalha há 17 anos fantasiado como o bom velhinho, está na expectativa de ser chamado. "Nunca faltou trabalho", comemora. "A vida toda atuei por conta própria, com serviço de obra, mas parava tudo para ser Papai Noel. Este ano me aposentei, mas não abro mão dessa atividade." No fim do ano, ele recebe R$ 2,7 mil por 45 dias de trabalho. No Distrito Federal, onde o comércio varejista praticamente não sentiu reflexos da crise, os lojistas apresentarão uma projeção das contratações temporárias nas próximas semanas. "Brasília é uma ilha de prosperidade", comenta o presidente do CNDL.
O desempenho da economia e a melhora dos índices de confiança do consumidor são as principais alavancas do Natal da retomada. "O consumidor voltou às compras, o que faz com que possamos esperar um fim de ano bem melhor do que o de 2008", ressalta Pellizzaro.
A despeito desse otimismo, os números mostram que o país tem um longo caminho a percorrer para voltar ao ritmo de expansão do período pré-crise. Somente no quesito contratação de temporários, por exemplo, o número de vagas para este ano é 15% menor que as 163.450 disponíveis em 2007.
Vander Morales, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem), observa que, no auge da crise, a efetivação de temporários, que era de 30%, caiu para 10%. Os indicadores de julho mostram, porém, uma recuperação para 15%. "No fim do ano deve ser até maior por conta da recomposição do quadro de pessoal", pondera.
Encomendas
As encomendas estão sendo planejadas. Assim como as contratações, que são efetivadas em setembro. Como no ano passado havia um clima de otimismo e os empresários erraram nas projeções dos estoques, Pellizzaro acredita que as encomendas para 2009 ficarão no mesmo patamar de 2008. A tendência, contudo, é que haja um mix maior de produtos, sobretudo de itens voltados para as classes C, D e E. "As camadas mais baixas da população foram menos afetadas pela crise e devem manter o bom nível de consumo", ressalta.
Para Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), este fim de ano será o dos produtos importados, com destaque para bens não duráveis, como alimentos e bebidas. Para o ano, ele estima expansão de 9% para o comércio. Já Carlos Eduardo Severino, presidente da Associação Brasileira de Atacadistas (Abad), observa que pode ter havido adiamento de compras, mas ele ressalta que o Natal está garantido. A previsão é de alta de 4% frente a 2008.
Os estoques da indústria ainda estão altos e têm plenas condições de atender ao varejo, diz Renato da Fonseca, economista e gerente-executivo de pesquisa e desenvolvimento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). "Houve mudança de planejamento. Os investimentos foram feitos para redução de custos e lançamento de produtos", explica. Dênis Ribeiro, coordenador do departamento de economia da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), observa que as encomendas devem ocorrer a partir de outubro.