Jornal Correio Braziliense

Economia

Bradesco deve se tornar principal pagador de aposentadorias no país

O governo concluiu nesta quinta-feira (6/08) o leilão da folha de pagamento do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que foi comprada por três bancos públicos e quatro privados. O resultado será oficializado somente nos próximos dias, mas um balanço preliminar indica que o Bradesco deverá se tornar o maior pagador de novos benefícios da Previdência. [SAIBAMAIS]O leilão da folha de pagamento das aposentadorias e pensões abrange apenas os benefícios que forem concedidos a partir de janeiro de 2010. Os 26,6 milhões de segurados que já recebem da Previdência continuarão sendo pagos pela atual rede bancária, que conta com 21 instituições. Embora sete bancos tenham levado a folha, dez instituições estão credenciadas a fazer o pagamento dos novos benefícios. Isso porque o edital permite que todos os participantes da concorrência venham a se tornar pagadores. Pela regra definida, os aposentados podem optar por mudar de banco, ainda que a instituição tenha comprado o lote no qual sua cidade está incluída. Nesse caso, a opção do aposentado é simples. Bastará comunicar a troca ao INSS. O novo banco fará a administração do benefício e pagará ao INSS o valor que cotou no leilão. Além disso, as instituições que participaram poderão herdar benefícios do banco vencedor do lote, caso esse último não tenha uma rede bancária capilarizada. Esse é o caso do Banco Mercantil, que arrematou cinco lotes no Estado de São Paulo e Minas Gerais. Nas cidades em que o Mercantil não tem agências, mas que constavam do lote, assumirá o pagamento o banco classificado em segundo lugar no leilão. Se o segundo lugar também não contar com uma agência, assumirá o terceiro classificado, e assim sucessivamente. O Bradesco arrematou 8 lotes dos 26 levados a leilão e foi uma das surpresas, já que nos bastidores sempre se posicionou contrário ao leilão por considerar que o negócio não era atrativo. Defendeu essa posição em reuniões com o governo. Segundo Ademir Cossiello, diretor-executivo do Bradesco, até a sexta-feira passada, os executivos da instituição ainda analisavam se participariam do leilão. Ele diz que o banco não era contra, mas tinha "uma série de dúvidas" porque a prestação do serviço se tornou mais cara com as novas regras. "O que mudou foi que, com a definição de que vai acontecer o leilão, passamos a correr o risco de não ir [para disputa]", afirmou o executivo. "Não podemos ficar sem poder pagar a aposentadoria dos nossos clientes porque não participamos do leilão. Fomos até onde a técnica mandou, e não foi com afinco." Ele disse que o preço médio pago por benefício pelo banco foi de R$ 0,96. "Abaixo do valor médio do leilão, que foi de R$ 1,68." Embora o Banco do Brasil tenha comprado apenas um lote, em outros oito ele se classificou como segundo lugar e, provavelmente, poderá ser o pagador em muitas das cidades previstas no edital de leilão. Com a venda da folha, o INSS deverá arrecadar no primeiro mês de concessão dos novos benefícios cerca de R$ 630 mil. Esse valor aumenta mensalmente à medida que sejam incorporados mais benefícios aos lotes negociados.