Jornal Correio Braziliense

Economia

Barral prevê resultado menor do superávit comercial no segundo semestre

O superávit comercial no segundo semestre pode ser menor que o do mesmo período do ano passado, admitiu nesta segunda-feira (3/8) o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Welber Barral. Ele evitou apresentar números, mas afirmou que a queda do dólar nos últimos meses e o fim da bolha que elevou o preço de bens agrícolas e minerais poderão derrubar a diferença entre exportações e importações. [SAIBAMAIS]"O segundo semestre do ano passado foi um período atípico, com fatores que não se repetirão em 2009", disse Barral. "Em primeiro lugar, houve uma bolha nas commodities (bens primários com cotação internacional), que elevou o valor das exportações até outubro. Com o agravamento da crise, as importações despencaram por causa da disparada do dólar, o que ajudou a manter o saldo". Neste ano, além dos preços menores das commodities, a queda do dólar, atualmente em torno de R$ 1,85, estimula as importações. "Até agora, o câmbio interferiu pouco na balança comercial, mas o dólar baixo representa um incentivo para as compras externas, principalmente das matérias-primas, que compõem a maior parte das nossas importações", avaliou o secretário. Apesar de as exportações no acumulado de 12 meses somarem US$ 170,9 bilhões, o Ministério do Desenvolvimento não revisou para cima a projeção de US$ 160 bilhões para as vendas externas em 2009. Barral, no entanto, não informou se a manutenção da estimativa está vinculada a um eventual cenário de queda nas exportações e alta ou estabilização das importações. "Mantidas as tendências, o superávit comercial no segundo semestre ainda será importante", declarou. De acordo com o secretário, a antecipação de embarques de grãos em maio e em junho teve efeito na queda das exportações, em julho, na comparação com o mês anterior. No último mês, o país exportou US$ 14,1 bilhões, contra US$ 14,4 bilhões em junho - queda de 10,7% pelo critério da média diária. A antecipação de embarques de grãos, principalmente soja, também contribuiu para a queda das exportações para a China. No mês passado, as vendas para o país asiático caíram 21,7%. Mesmo assim, no acumulado do ano, a China se mantém como principal destino das mercadorias brasileiras, com participação de 14,8% nas exportações. Em 2009, a Ásia foi a única região a comprar mais do Brasil. Nos sete primeiros meses do ano, a alta nas vendas para o bloco soma 9,5%. "Mesmo com a queda nas exportações para a China e a Ásia, apostamos em crescimento até o fim do ano porque a região apresenta uma recuperação mais rápida após a crise. As nossas exportações devem continuar agressivas para esses mercados", disse Barral. Ao mesmo tempo em que as exportações caíram, as importações cresceram 4% em julho. Na avaliação do secretário, essa alta se deve à compra de produtos farmacêuticos. "Esse foi o único item cujas importações aumentaram no último mês", ressaltou. "Essa tendência se repetiu ao longo do primeiro semestre".