A pedagoga Flávia Alves e seu marido, o bancário Luiz Gustavo Caldeira de Souza, se impressionam com a tributação embutida no custo de produtos de higiene pessoal. No perfume que Flávia usa diariamente, que ocupa o oitavo lugar do ranking de campeões elaborado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), há 69,13% em impostos. E mesmo no creme dental de Luiz há uma carga de 25,45%.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), João Carlos Basílio, observa que há uma série de produtos de necessidade no uso diário que têm alta tributação. Fraldas descartáveis e absorventes, por exemplo, têm taxa de 37,5%. Para desodorantes, os tributos chegam a 43% e mesmo para protetores solares os impostos passam dos 35%. ;Essas taxas deixam à margem do consumo uma grande parcela da população de baixa renda;, pondera.
Ranking
O coordenador do Departamento de Economia da Associação Brasileira das Indústrias de Alimento (Abia), Denis Ribeiro, faz observação parecida quanto aos produtos alimentícios. ;Há mais de 15 anos defendemos uma tese para que alimentos sejam tratados de forma diferenciada;, diz. Segundo ele, em países desenvolvidos, para esse tipo de produto a carga varia de 6% a 8%. Aqui, a média de taxação de produtos industrializados é de 35,2%. Para semielaborados, como carnes, fica em 18,31%; e para itens in natura, como frutas, fica em 22,39%. O superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, diz que os itens industrializados representam mais de 50% das compras mensais dos consumidores. Isso significa que a maioria das pessoas paga mais de 35% em tributos pelos itens que coloca no carrinho. ;Nossa margem de lucro está em 1,5% e mesmo assim colocam os supermercados como vilões, quando há altas de preços.;
A carga tributária nacional surpreende, sendo superior à de países como os Estados Unidos e México. No ranking dos países que mais arrecadam, o Brasil entra na disputa com a Suécia, primeiro colocado, seguido pela França. Quando observado o período que a população trabalha para pagar impostos, o brasileiro tem que destinar 147 dias, enquanto o sueco paga seus impostos com 185 dias e os franceses, com 149.