Jornal Correio Braziliense

Economia

Paraguai falará com Brasil após críticas ao acordo de Itaipu

Autoridades do Paraguai conversarão com representantes do governo brasileiro após críticas ao acordo assinado entre os dois países sobre a energia da hidrelétrica binacional de Itaipu, classificado por Assunção como histórico e favorável. [SAIBAMAIS]O chanceler paraguaio, Héctor Lacognata, disse nesta sexta-feira que conversará com o embaixador brasileiro em Assunção sobre as declarações do deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) a respeito do governo do Paraguai. Parlamentares da oposição brasileira questionaram duramente o acordo sobre a administração da hidrelétrica de Itaipu, que prevê um aumento anual de US$ 240 milhões para o Paraguai, em receitas pelo pagamento da cessão de energia. "Vamos conversar hoje com o embaixador brasileiro em nosso país, o embaixador (Eduardo) dos Santos, sobre este tema", disse Lacognata a jornalistas, após ser consultado sobre o assunto. "No entanto isto não reflete em maneira nenhuma nas boas relações e o bom momento que estão passando as relações bilaterais com o governo e o povo do Brasil", acrescentou. Segundo publicou o diário paraguaio "ABC Color", o deputado Aleluia, que solicitou uma sessão conjunta do Congresso para analisar o documento, qualificou o acordo como "nocivo para os interesses da nação" porque financia "republiquetas populistas". Aleluia criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por utilizar "a energia elétrica para consolidar chefes de Estado incompetentes", em referência ao presidente paraguaio, Fernando Lugo, afirmou o jornal paraguaio. Os dois países são sócios na hidrelétrica, uma das mais potentes do mundo com 14 mil megawatts de capacidade, e dividem a energia produzida em partes iguais. Mas o Paraguai utiliza apenas cinco por cento e vende o excedente ao Brasil. Pelo acordo, o Brasil triplicará o montante pago pela cessão dessa energia - uma taxa anual em torno dos US$ 120 milhões - e estabelecerá um mecanismo que permita ao Paraguai comercializar energia de Itaipu de maneira gradual no mercado brasileiro, sem a intermediação da estatal Eletrobrás.