Jornal Correio Braziliense

Economia

Dólar recua e tem menor cotação em 10 meses; Bovespa avança mais de 2%

O dólar comercial fechou nesta quinta-feira (30/7) com uma queda de mais de 1%, resultado do bom dia nos mercados acionários no Brasil e no mundo, chegando à menor cotação desde setembro do ano passado. A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) ganha hoje mais de 2%, beneficiado pelo bom humor dos mercados externos e pela alta no preço das commodities. A moeda americana recuou 1,57%, vendido a R$ 1,874. É a menor cotação desde o final de setembro de 2008, quando começou a escalada de alta causada pela crise financeira global. O dólar turismo, por sua vez, recuou 1,48% nas casas de câmbio paulistas e fechou vendido a R$ 1,99. Nem a ação do Banco Central sobre o câmbio mudou o rumo da cotação. A autoridade monetária comprou a moeda com taxa de corte de R$ 1,8879. Já o Ibovespa (Índice Bovespa, o principal indicador da Bolsa paulista) operava às 16h36 (em Brasília) com alta de 1,95%, para 54.783 pontos, com giro financeiro de R$ 4,051 bilhões. É o patamar mais alto desde 1° de setembro do ano passado, ainda antes do agravamento da atual crise financeira, quando fechou a 55.162 pontos. Durante a tarde, o indicador chegou a operar com mais de 55 mil pontos. O mercado foi guiado pelo bom humor dos mercados internacionais. Nos EUA, por exemplo, o índice Dow Jones ganha 1,59%, enquanto o tecnológico Nasdaq Composite sobe 1,37%. A maioria das empresas que divulgaram seus resultados trimestrais vieram com desempenho acima do esperado pelos analistas do setor, o mercado chinês mostrou ganhos após perder 5% ontem e os pedidos semanais de seguro-desemprego nos EUA subiram menos do que o previsto. Essa conjunção de fatores faz os investidores irem às compras. Segundo o Departamento de Trabalho americano, o número de pedidos cresceu em 25 mil na semana encerrada no último dia 25, totalizando 584 mil solicitações iniciais do benefício. A previsão era de uma alta de 34 mil pedidos. Entre os resultados, os destaques ficam para os ganhos da operadora de cartões de crédito Mastercard, da gigante do consumo Colgate-Palmolive e da empresa de telefonia Telefónica. Empresas dos setores petrolífero e automotivo --como a Exxon Mobil, a Shell e a Renault-- tiveram queda nos lucros ou prejuízos, mas já previstos. O preço do petróleo despencou ao longo dos últimos 12 meses, o que justifica lucros menores para as petrolíferas, e as montadoras estão entre as empresas mais afetadas com a crise econômica global. No Brasil, o resultado mais importante divulgado foi a da mineradora Vale, que sofreu com a combinação de preços mais baixos e vendas menores. Seu lucro no segundo trimestre despencou 81,5%, para R$ 1,466 bilhão --metade do previsto pelos analistas. Porém, como o preço das commodities está em alta e a previsão é que o negócio de mineração melhore nos próximos meses, as ações preferenciais classe A da Vale sobem 1,63%. Assim como ocorre com os minérios, as demais commodities também apresentam altas hoje, o que ajuda a manter a Bovespa em sinal positivo --a maioria das grandes empresas listadas na Bolsa paulista são produtoras de matérias-primas. O petróleo é uma das commodities com maiores altas, avançando 6,1% em Nova York. O açúcar também é destaque, batendo hoje recorde de preço nos mercados americano e britânico. A empresa mais negociada da Bovespa, a Petrobras, por exemplo, mostra forte avanço hoje: as ações ordinárias sobem 1,92%, e as preferenciais ganham 2,36%. Outro destaque no noticiário local é a divulgação da ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que na semana passada cortou a taxa básica de juros de 9,25% para 8,75% ao ano. A ata reforçou a tese do mercado de que os juros não cairão mais este ano, já que ela informou que o fim dos cortes foi cogitado já na reunião de quarta-feira retrasada.