Jornal Correio Braziliense

Economia

Ipea revisa déficit das contas correntes e avalia economia brasileira

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisa a expectativa para o déficit das contas correntes brasileiras (importação menos exportação) para baixo e muda avaliação do Produto Interno Bruto (PIB). A revisão saiu no estudo Conjuntura em Foco, no qual outros aspetos da economia são avaliados, como inflação, emprego, câmbio e arrecadação de impostos.

Na projeção anterior, o déficit das contas ficaria entre US$ 18 bilhões e US$ 25 bi, nessa nova avaliação, o intervalo passou para US$ 17,5 bi e US$ 10,5 bi. "Fomos obirgado a rever nossas previsões", afirma o diretor de Estudo Marcoeconômicos do Ipea, João Sicsú. Na avaliação dele, nos primeiros cinco meses de 2009 verificou-se um ampliação da China nas exportações brasileiras. Além das commmodities terem se benefíciado da quebra de safra de produções de outros países, o que aumentou o volume de comercialização dessas mercadorias.

No PIB, o Ipea também errou nas expectativas anteriores, quando projetou um crescimento de 2% para 2009. "Estamos prevendo agora que cresça entre 0,2% e 1,2%. O resultado do PIB no 1; trimestre nos surpreendeu negativamente", afirma o diretor, que esperava estagnação ou crescimento de 0,1% quando a queda do produto interno foi de 0,8% no período. Os pesquisadores do órgão não acreditavam em uma queda acentuada nos investimentos no começo de 2009. "Achávamos que tinham chegado ao fundo do poço no quarto trimestre do ano passado, mas não", lamenta o diretor.

O Conjuntura em Foco justifica que o maior erro em relação ao PIB foi justamente na perspectiva de queda no investimento, chamado no estudo de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Por causa da redução da demanda interna e por uma forte retração das importações de bens de capital, o indicador teria sofrido uma queda de 14% ante o primeiro trimestre de 2008. "Pelo lado da oferta, o principal responsável pelo erro nas projeções foi o resultado da indústria", diz um trecho da pesquisa, que aponta uma retração da oferta no segmento de transformação da indústria (12,6% na taxa trimestral) e na construção civil (9,8% na mesma base de comparação).

Comércio
No documento, a avaliação é de que o setor varejista não tem sido tão afetado pela redução da demanda interna. Para explicar o bom desempenho do comércio em meio a recessão, o Ipea aponta a manutenção do crescimento da massa salarial e as medidas anticíclicas adotadas pelo governo, como a reduçãode impostos e a aplicação de programas de transferência de renda como os responsáveis pela reposta do comércio à crise.

"Esses fatores, associados à maior estabilidade no mercado de trabalho, têm causado melhora significativa nos níveis de confiança dos agentes econômicos; tanto dos consumidores, quanto dos empresários, gerando o impulso necessário para que a economia inicie uma trajetória de recuperação no decorrer do ano" diz um trecho da pesquisa.

Para o emprego, a Conjuntura em Foco indica que a redução do desemprego entre junho e maio é um forte indicador da recuperação da economia brasileira. Quanto a arrecadação do federal em impostos e contribuições para o primeiro semestre, o documento diz que houve uma queda real de 7% em comparação a igual período de 2008, mas faz ressalvas. "O ano de 2008 não é uma base segura de comparação. Em primeiro lugar, porque a avaliação é feita entre um ano de bom desempenho econômico (crescimento do PIB de 5,1% em 2008) contra outro, 2009, de recessão mundial com repercussões locais importantes", avalia.