Jornal Correio Braziliense

Economia

Sabesp muda cálculo e tarifa deve subir mais

Uma mudança na forma de cálculo da tarifa de água e esgoto, proposta que partiu da Arsesp (agência de saneamento de São Paulo), vai permitir que a Sabesp aplique, já a partir de setembro, reajustes anuais maiores do que os anteriores. No ano passado, com a metodologia antiga, que basicamente considerava somente os custos da empresa para oferecer os serviços de água e esgoto, o reajuste da tarifa alcançou 5,1%. A agência, órgão responsável por autorizar os percentuais de aumento, decidiu agora incluir novos índices na fórmula de composição da tarifa. A Sabesp poderá acrescentar na conta, por exemplo, quanto ela já investiu na rede de água e esgoto, em caixas-d´água, estações de tratamento e também o dinheiro que pretende gastar na ampliação futura da rede. Hoje, a empresa cobra na conta que chega ao usuário praticamente só os gastos que tem para captar, tratar e distribuir a água e recolher e tratar o esgoto. Quando quer investir, tem de buscar empréstimos. No ano passado, a Sabesp faturou R$ 6,8 bilhões e alcançou um lucro líquido (após despesas) de R$ 1 bilhão, valor praticamente igual ao de 2007. Ocorre que esse lucro é insuficiente até mesmo para a empresa garantir seu plano de investimentos, de R$ 1,7 bilhão ao ano, em média, até 2013. Outro item da proposta, colocada em consulta pública pela Arsesp, permite também que a Sabesp inclua na conta de água o custo que tem com empréstimos nacionais e internacionais que vem efetuando. Conforme o balanço fechado até 31 de março, a empresa deve um total de R$ 6,67 bilhões, sendo um terço em moeda estrangeira. Agora, o usuário pode ajudar a pagar esses juros. Um aumento da tarifa maior do que os que vinham ocorrendo será inevitável, avalia José Dutra Vieira Sobrinho, vice-presidente da Ordem dos Economistas do Brasil. "Tranquilamente, a mudança será feita com esse objetivo", diz ele. A empresa opera os serviços de água e esgoto em cerca de 360 municípios do Estado, incluindo a capital. Sem caixa A Arsesp listou toda a proposta de mudança em uma nota técnica colocada para consulta pública, aberta até dia 10, no site www.arsesp.sp.gov.br O documento tenta explicar por que essas mudanças são necessárias. Segundo a agência, é preciso buscar uma tarifa "justa" para garantir que a Sabesp, que tem ações negociadas na Bolsa de Nova York, seja atraente para investidores. Um economista próximo ao presidente da Sabesp, Gesner de Oliveira, disse que ele reclamava de não poder acrescentar o custo desses investimentos na tarifa e que isso estava "amarrando" a empresa.