O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), criticou hoje a política econômica do governo federal, mas fez ressalvas ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que recebeu elogios por sua política de financiamento de obras de infraestrutura no país, especialmente na área de transporte.
"Todo o Brasil sabe que eu tenho divergências sobre a política econômica do governo federal, que, em seu conjunto, tem partes corretas e partes erradas", afirmou o governador. "A errada é a política monetária e de câmbio, que, aliás, prejudica as atividades de produção de bens e equipamentos porque a indústria se torna pouco competitiva. O estrangeiro cada vez mais pode vender mais barato ao Brasil porque o dólar tem um valor irreal, e isso está acontecendo de novo", disse Serra
[SAIBAMAIS]"Agora, tem o lado certo da política econômica do governo, e um desses aspectos é a política do BNDES. Queria publicamente aqui congratular a ação que o banco vem fazendo sob a presidência de Luciano Coutinho. Não estou dizendo isso porque o Luciano é meu amigo, colega da Universidade de Campinas e estudou na mesma universidade que eu nos Estados Unidos. Estou fazendo uma homenagem que faria a uma pessoa como homem público, pelo trabalho que vem fazendo", declarou
FAT
Serra defendeu o sistema de financiamento do BNDES, que recebe pelo menos 40% dos recursos arrecadados por meio do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). "Temos de defender o BNDES, o FAT e essa prática de o FAT financiar o desenvolvimento porque ela está sempre sob perigo. Vive tendo gente escrevendo contra isso e, se no futuro pudessem, fariam uma modificação. Mas no caso teriam de passar pelo nosso cadáver, coisa que não vai acontecer porque ainda vamos viver muitos anos", afirmou
"Quero dizer também que o BNDES empresta recursos do FAT, que não são recursos subsidiados. Tem muita gente neoliberal em economia dizendo que para baixar juros não tinha que ter juro oficial, tinha que nivelar tudo. Aí ninguém conseguiria investir em nada, até porque no Brasil não tem financiamento interno para trens. Ou pega lá fora ou pega do BNDES. Vocês imaginam se tirarem esse dinheiro", afirmou. "O FAT foi resultado de uma iniciativa minha na Constituinte. Na época eu coloquei 40% para ser investido a cada ano no BNDES. Deveria ter posto 80%, mas na época parecia bastante.
Serra discursou hoje à tarde na fábrica da Alstom, em São Paulo. A empresa é fabricante de equipamentos e serviços para geração de energia e transporte ferroviário. No evento, o BNDES e o governo do Distrito Federal assinaram contrato de financiamento para a modernização do sistema de sinalização do metrô e aquisição de 12 vagões, no valor de R$ 260,3 milhões