Mais de mil pessoas foram demitidas pela Oi nos últimos dias. Somente nesta terça-feira (21/07), foram dispensados em Brasília - sede da antiga Brasil Telecom (BrT) - 340 funcionários, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Distrito Federal (Sinttel-DF). Levantamento feito pela representação a pedido do Correio mostra que o total de demissões no país nas últimas semanas chega a 1.081, sendo que 650 pessoas foram demitidas no Rio de Janeiro, sede da operadora. Os outros cortes ocorreram na Bahia (40), no Rio Grande do Sul (24), no Rio Grande do Norte (13), na Paraíba (11) e no Maranhão (3).
[SAIBAMAIS]"Desde que a fusão das duas empresas foi anunciada, foram demitidas 2,1 mil pessoas no Brasil, das quais mil no DF. Brasília está sofrendo um esvaziamento total, pois cerca de 600 pessoas também foram transferidas, o que eleva para 1,6 mil o número de postos de trabalho fechados na capital federal", lamenta Brígido Ramos, presidente do Sinttel-DF. "Restaram cerca de 800 pessoas e acreditamos que só vão ficar 400", alerta. Segundo o sindicalista, se for contabilizado corte de trabalhadores terceirizados, o número de demissões dobra. Reportagem publicada pelo Correio em 31 de maio mostrou que a estimativa do sindicato é de que o número de desligamentos no DF chegue a 1,9 mil empregados, o que resultaria em uma perda de renda de R$ 170 milhões, pelo menos.
"Não ficou ninguém nas áreas financeira e comercial e houve também demissões em áreas variadas", afirma João Goudim, secretário-geral do Sinttel. Uma ex-funcionária que trabalhava no setor financeiro da BrT há seis anos confirma que não mais pessoas trabalhando nessa área em Brasília. "Todo mundo que não foi para o Rio foi demitido. A gente sabia que isso ia acontecer", observa. O sindicalista critica a omissão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e do governo federal. "Estão fazendo vista grossa. A Oi alega que está trazendo postos de trabalho, mas estão substituindo salários de R$ 5 mil a R$ 6 mil por funcionários de call center, que ganham o mínimo", critica. Em maio, o Sinttel pediu intervenção do Ministério Público do Trabalho.
Mudanças
Segundo Goudim, foi marcada uma audiência, a operadora solicitou adiamento e ainda não foi agendada nova data.
Por nota, a Oi informou que implantou, este mês, mais uma etapa do programa de integração com a BrT, iniciado em janeiro. A companhia explicou que "fez movimentos de primeirização na área de engenharia, centralizou atividades da área de serviços administrativos e financeiros, promoveu a adequação dos modelos de gestão de rede e administração de lojas, além de ter ampliado a estrutura jurídica própria".
Na prática, as principais mudanças foram: reintegração de áreas como consultoria jurídica e de engenharia, que eram terceirizadas; mudança do sistema de lojas próprias para franquias; e terceirização em manutenção de rede. A empresa informou que a reestruturação resultou no fechamento de 1.060 postos, mas frisou que "os ajustes não afetam o compromisso assumido com a Anatel de manutenção dos postos de trabalho existentes em fevereiro de 2008 (25.542)". Segundo a operadora, depois dessa nova etapa, o total de postos de trabalho é de aproximadamente 30.060, acrescentando que, desde janeiro, houve a admissão de 700 colaboradores e que há, no momento, cerca de 800 vagas abertas.