Apesar de um cenário de baixo ou nenhum crescimento econômico em 2009, os especialistas ouvidos pelo Banco Central na pesquisa Focus de mercado projetaram uma inflação que excede o centro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,5%.
A nota divulgada nesta segunda-feira (20/7) pelo BC aponta um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,53%, a primeira alta em quatro meses de consulta. A última vez que o mercado havia projetado uma inflação acima do centro da meta havia sido em 13 de março, quando o IPCA para 2009 foi estimado em 4,52%.
[SAIBAMAIS]Dos quatro índices (IPCA, IGP-DI, IGPM, IPC-FIPE) de inflação avaliados pelo Focus, apenas dois foram revisados para baixo; é o caso do IGP-DI e IGP-M, que reajustam os preços de serviços, aluguéis e do atacado, com quedas de 0,5 pontos percentuais e de 0,6 pontos percentuais, respectivamente.
O IPC-FIPE (alta de 0,1 ponto percentual) e o IPCA (aumento de 0,3 pontos percentuais), principal índice para avaliar o comportamento da inflação ao consumidor, saltaram de projeções de conforto para uma zona de confronto com a meta de inflação, o que, caso se concretizasse, obrigaria o Banco Central a adotar uma política contrária à que vem adotando, de corte de juros.
"O sinal que o Focus emitiu hoje é preocupante, porque as variáveis todas (conjunto de fatores que compõe o cenário macroeconômico) tem convergido para cima, e mesmo assim o mercado projetou uma alta da inflação", avaliou a economista Silvia Luder, do Banco Fator, que emendou: "Portanto, se essa tendência (de inflação alta) se perpetuar, não haverá muito o que fazer na condução da política monetária (controle de juros, por parte do Banco Central)", disse.
O economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, reflete que a projeção de alta para o IPCA em 2009 acompanha reajustes recentes nos preços administrados (taxas de água, luz, passagem de ônivbus), que ficaram bem acima do que o mercado esperava para o ano.
"Aqui em São Paulo, por exemplo, os reajustes nas tarifas da Eletropaulo (conta de luz) ficaram acima dos dois dígitos, o que surpreendeu muita gente", revelou.
Apenas para o IPCA houve reajuste nas projeções para 2010, com elevação de 4,40% para 4,41%. O restante das taxas permaneceram inalteradas, com IGP-DI, IGPM e IPC-FIPE ficando em 4,50% ao ano, para os três indicadores.
"São resultados que mostram um cenário positivo para 2010, ano em que a economia deverá acompanhar os bons vindos de outros países", comparou Newton Rosa.