Jornal Correio Braziliense

Economia

Em 10 dias, governo anuncia decisões que aumentam gastos em R$ 9 bilhões

Só nos últimos dez dias, o governo anunciou três decisões que podem elevar o gasto público em R$ 9 bilhões este ano. O reajuste do funcionalismo a ser pago neste mês aumentará a folha em R$ 6 bilhões em 2009, o aumento do Bolsa-Família, ainda em discussão, custará cerca de R$ 2 bilhões e os parlamentares foram contemplados com a liberação de R$ 1 bilhão para pequenos projetos, como pavimentação de ruas em bases eleitorais. Apesar da gastança, o governo diz que a situação é tranquila. Com a recuperação da economia e da arrecadação, haverá recursos para fazer frente a essas despesas. Mas analistas privados, como Alexandre Marinis, da Mosaico Consultoria Política, alertam para a deterioração das contas públicas. As pressões por gastos não param. Na quinta-feira, o Senado aprovou um texto substitutivo à Medida Provisória (MP) 460 no qual foi incluído um artigo que manda o governo pagar o crédito-prêmio do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aos exportadores, algo que está em disputa na Justiça. A conta pode chegar a R$ 288 bilhões. O governo tentará barrar a nova despesa na Câmara. Os próprios ministérios pressionam a área econômica por liberação de mais verbas. Segundo o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, os pedidos somam R$ 21 bilhões. Ele disse que não há como atender a todos, mas "pedir não ofende". No dia 20, será divulgado um relatório com novas projeções sobre o desempenho de receitas e despesas este ano. Dependendo do quadro o documento poderá determinar novos cortes ou novas liberações de verbas. Há pressões também do Legislativo. O Congresso ameaça derrubar o veto do presidente Lula a uma legislação que acaba com o fator previdenciário, que faz com que o trabalhador tenha de continuar na ativa mais alguns anos após atingir o tempo mínimo de contribuição. Segundo a Previdência, a derrubada do veto vai elevar a despesa. Em 2050, o déficit do sistema chegará a 16,35% do Produto Interno Bruto (PIB). Com o fator em vigor, o rombo ficaria menor: 11,23% do PIB. Outro projeto em discussão no Congresso prevê que a regra de reajuste do salário mínimo (inflação mais variação do PIB de dois anos atrás) seja estendida aos benefícios de valor superior ao mínimo, hoje corrigidos pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). As estimativas da Previdência apontam para uma despesa extra de R$ 4,5 bilhões apenas no primeiro ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.