Jornal Correio Braziliense

Economia

Apenas 5% dos recursos do FGTS destinados às áreas de saneamento e transporte urbano foram usados este ano




; Análise da notícia
Esgoto não dá voto

O descompasso entre a necessidade das obras de saneamento e a busca de recursos pelo setor parece encontrar respaldo na tradição política brasileira. Políticos não gostam de obra escondida. Embaixo da terra, então, nem se fala. No interior do país é comum praças serem continuamente reformadas e reinauguradas com outro nome a cada legislatura. Também é do gosto de prefeitos, vereadores e deputados em geral a inauguração de escolas e o asfalto nas ruas, além, é claro, das famosas casas populares.

A pressão da população está fazendo com que, pouco a pouco, essa situação comece a mudar, reconhece a Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais (Aesbe). Segundo a entidade que reúne as empresas do setor, voltadas para o abastecimento de água e esgoto tratado, os serviços básicos, principalmente os vinculados diretamente à melhoria da qualidade de vida e à saúde da população, vêm sendo cada vez mais reivindicados.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostragem Domicilicar (Pnad-2007) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram que os domicílios brasileiros ainda estão longe de contarem com a cobertura plena de esgotamento sanitário. No país, dos 56,344 milhões de domicílios, apenas 51,3% contam com rede coletora de esgoto. A cobertura é maior na zona urbana e chega a 59,5% dos lares. Na zona rural, no entanto, essa cobertura cai para 5,5%.

A situação melhora com relação ao abastecimento de água. Nesse caso, 83,3% dos domicílios brasileiros têm acesso à água encanada tratada. Na área urbana, esse índice de cobertura sobe para 93,1%, sendo de 28,2% o acesso à água encanada na zona rural. (VC)