O grupo dos cinco principais países emergentes, o G5, pediu nesta quarta-feira (8/7) às potências do G8 (grupo dos sete maiores economias do mundo e a Rússia) que cumpram com os compromissos contraídos em Londres, em abril passado, para facilitar o crédito e impedir práticas protecionistas, e cedam espaços de poder nas instituições financeiras internacionais.
"É importante acertar medidas, mas é mais importante cumprir com as promessas acertadas´, afirmou o presidente mexicano, Felipe Calderón, em coletiva de imprensa junto com os demais líderes do G5 que se reuniam em Áquila, centro da Itália, antes do encontro que os dois grupos de países manterão nesta quinta-feira.
[SAIBAMAIS]O G5 é formado pela China, Índia, Brasil, México e África do Sul. O G8 pelos Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Canadá e Rússia.
Calderón insistiu que o grupo dos países ricos devem cumprir com os compromissos que o G20 (integrado por ambos os grupos e por outras potências regionais como a Arábia Saudita e Nigéria) assumiu na cúpula que realizou em abril, em Londres, para buscar respostas coordenadas para a crise econômica mundial.
"Estamos preocupados com a canalização de recursos para estabelecer o crédito internacional, particularmente nos países em desenvolvimento, onde o crédito e o investimento foram particularmente reduzidos pela crise", afirmou o presidente mexicano, cujo país se viu particularmente atingido pela recessão nos Estados Unidos.
Ele também expressou sua preocupação com o surgimento de práticas protecionistas, que dificultam a recuperação, mas não deu exemplos concretos.
Uma declaração do G5 pede, além disso, que cumpra com o compromisso de dar representação adequada aos países em desenvolvimento nas instituições financeiras internacionais, uma questão "urgentemente necessária".
O presidente sul-africano Jacob Zuma, insistiu, na coletiva, numa "reforma mais rápida das instituições de Bretton Woods para assegurar a representação dos países em desenvolvimento".
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, expressou seu receio de que alguns países ricos estejam esperando que "a crise acabe sozinha para, no final das contas, nada mudar".
Lula e Calderón aproveitaram o encontro do G5 para condenar o golpe de Estado em Honduras e concordaram em trabalhar "para fortalecer a unidade latino-americana", segundo um comunicado da presidência mexicana.
"Lula e Calderón condenaram o golpe de Estado em Honduras e concordaram que o México e o Brasil trabalhem de maneira conjunta para fortalecer a unidade latino-americana e formar uma região de respeito às instituições, de desenvolvimento econômico e de estabilidade social e política", assinala o comunicado difundido depois de uma reunião dos presidentes.
Os dois presidentes também destacaram "a relevância do G5 e seu potencial como foro das economias emergentes".
Além disso, Lula e Calderón "trocaram pontos de vista sobre a crise econômica internacional e a relevância de que os países em desenvolvimento assumam uma maior participação na governança financeira global".