Por unanimidade, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou hoje a indicação do vice-procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para o comando do Ministério Público Federal. Para assumir a Procuradoria Geral da República, Gurgel ainda precisa ser referendado pelo plenário do Senado. A votação pode ocorrer ainda nesta quarta-feira.
Durante a sabatina, Gurgel não enfrentou problemas com os parlamentares e disse que está disposto a ampliar o relacionamento com o Congresso. "Darei prioridade para ampliação de espaços de interlocução institucional, em especial canais de interação com a atividade parlamentar, buscando identificar demandas e percepções de senadores e deputados, visando a contribuir com o aperfeiçoamento do processo legislativo e das atividades de controle", disse.
Na reunião, alguns senadores pressionaram para saber como seria o tratamento do PGR das denúncias contra parlamentares. O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-CE) reclamou que há uma espetacularização pela imprensa das acusações com a ajuda do Ministério Público. Segundo o vice-procurador, o MP só atua quando tem motivo. "O Ministério Público só denuncia quando tem que denunciar. Só agimos quando somos provocados", afirmou.
O senador Tasso Jeireisatti (PSDB-CE), relator da indicação, destacou o perfil de Gurgel. "Ele é reconhecidamente não apenas dentro de sua classe como um dos quadros mais valiosos daquela teia de procuradores da República, do mesmo nível de Cláudio Fonteles e Antonio Fernando de Souza [ex-procuradores-gerais]", disse.
Mais votado
O presidente Lula escolheu o subprocurador Roberto Gurgel, respeitando a eleição realizada pela ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República).
O nome de Gurgel foi escolhido por meio da lista tríplice --que continha os nomes dos três candidatos mais votados na eleição na ANPR. Também estavam na lista os subprocuradores Wagner Gonçalves e Ela Wiecko.
Gurgel é bem conhecido na Procuradoria, pois cuidava dos concursos de ingresso na carreira, uma função estratégica. Assim como Antonio Fernando, seu antecessor, Gurgel é considerado educado, mas não tem o perfil "combativo", na opinião dos que queriam um procurador-geral que defendesse com firmeza a instituição.