Jornal Correio Braziliense

Economia

Menos arrocho

Com crescimento de 3,7% nas vendas em maio, comércio brasiliense se distancia da crise econômica. Lojas de tecidos e de material de construção são responsáveis pelo bom desempenho do setor

O varejo brasiliense está prestes a dizer adeus à crise econômica. Segundo , as vendas em maio cresceram 3,74% em relação a abril. Frente ao mesmo mês de 2008, a expansão do faturamento foi de 0,63%. Mesmo com os números positivos, o acumulado em 2009 está negativo em 0,05%, ainda por conta da retração na economia provocada pela mudança do cenário internacional.

No mês passado, as lojas de tecidos e de materiais de construção foram as que mais tiveram crescimento das vendas na comparação com abril: 9,9% e 9,4%, respectivamente. O movimento de clientes surpreendeu o vendedor Nilson Cruz, 39 anos, da Phoenix Tecidos. ;Temos uma meta e superamos nossas expectativas;, disse. A loja vendeu 60% acima do planejado graças a descontos oferecidos em muitos tecidos. ;Reduzimos os preços para atrair a clientela, mas não adianta ter preço baixo e não ter o produto, por isso cuidamos do estoque também;, contou.

Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Material de Construção (Sindimac), Cecin Sarkis, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) foi muito importante para as vendas de materiais. ;Isso aqueceu o mercado. Quem estava com obras paralisadas reiniciou e aproveitou o momento para terminar a construção;, afirmou Sarkis. Com o IPI menor, não apenas os produtos beneficiados pela medida do governo federal venderam bem. ;Os consumidores compram todo o material necessário;, disse. Além disso, a liberação das obras nos condomínios ajudou a alavancar as vendas do setor no Distrito Federal.

Com uma base de comparação forte, o crescimento de 0,63% em relação a maio de 2008 é muito significativa, avaliou o senador Adelmir Santana, presidente da Fecomércio. ;Até setembro do ano passado, estávamos com a economia aquecida e tínhamos 52 trimestres sucessivos de crescimento;, lembrou. Segundo ele, o desempenho do varejo brasiliense em maio foi resultado da média salarial elevada em Brasília. Mesmo com a crise, a massa de rendimento dos ocupados teve expansão de 10,5% nos últimos 12 meses fechados em abril, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Trabalho
Com bom desempenho em maio, o comércio brasiliense contratou trabalhadores. Segundo pesquisa da Fecomércio, o crescimento foi de 4,13% em relação a igual mês do ano anterior. Frente a abril, o aumento foi de 3,04%. No acumulado do ano, a criação de postos de trabalho está 0,40% maior que no mesmo período de 2008. Para Santana, o nível de emprego está diretamente relacionado ao bom desempenho das empresas. ;Os quadros de funcionários estão enxutos e quando as vendas crescem, normalmente, abrem-se vagas;, explicou o presidente da Fecomércio.

Formas de pagamento
De acordo com a pesquisa, das vendas feitas em maio, 66,9% foram negociadas à vista, o que representa um recuo em relação a abril, mês que obteve 69,3% do total comercializado nessa modalidade. A comercialização usando cartão de crédito caiu de 14,1% em abril para 13,8% em maio. Os pagamentos a prazo foram maiores em maio se comparados a abril: 10,2% e 7,6%, respectivamente. Os cheques pré-datados corresponderam a 8,3% do faturamento de abril e a 8,5% das vendas de maio. A modalidade convênio se manteve em 0,6% do total.

O QUE É?
O estudo é uma avaliação das variações sofridas pelo desempenho de vendas, nível de emprego e formas de pagamento no Distrito Federal. Os três indicadores têm a capacidade de medir as principais mudanças ocorridas por influências macroeconômicas, sazonais e provocadas pelo Poder Legislativo.