O presidente da França, Nicolas Sarkozy, afirmou nesta segunda-feira (22/06), em Versalhes, que, em cerca de três meses, vai lançar um grande plano para financiar suas prioridades de final da crise. Para Sarkozy, o choque da recessão pôs "em moda" o modelo francês.
Para traçar as perspectivas da segunda parte de seu mandato, que termina em 2012, Sarkozy convocou deputados e senadores ao castelo de Versalhes - uma inovação, depois de 150 anos, permitida por uma reforma da Constituição aprovada ano passado, em meio a críticas da oposição que vê nisso tendências "monárquicas".
O presidente francês confirmou que o governo será remanejado na quarta-feira. "O primeiro trabalho será refletir sobre nossas prioridades nacionais e colocar em execução um plano financeiro", declarou Sarkozy.
Esses investimentos prioritários para a França e sua economia serão definidos ao final de um debate de três meses com o Parlamento, os parceiros sociais, os meios econômicos e culturais, afirmou.
O presidente francês, eleito em 2007 com um programa liberal, considerou que a crise questionou os dogmas em vigor da economia mundial. "O mundo descobriu os limites de uma visão exclusivamente mercantilista", afirmou.
"A crise pôs o modelo francês na moda. Hoje, ele é reconhecido por seu papel de amortizador social", considerou o presidente. "Obrigando-nos a deixar tudo bem claro, abalando dogmas e certezas, a crise nos torna mais livres para imaginar um outro futuro", afirmou.
Mas o país vem sendo confrontado, além da recessão, com uma degradação de suas finanças públicas. Segundo o ministro do Orçamento, Eric Woerth, o déficit público da França atingirá entre 7 e 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009 e 2010, bem longe do valor de referência de 3% ditado pelos tratados europeus.
Sarkozy lamentou o déficit, que deve ser "levado a zero através de reformas corajosas", disse. Prometeu reduzir o número de políticos eleitos, de dar prosseguimento à redução dos efetivos na função pública e de realizar em 2010 uma nova reforma das aposentadorias.
Em relação aos contribuintes franceses, prometeu "não aumentar os impostos, porque isso atrasaria ainda mais a saída da crise".