São Paulo - Nos Estados Unidos, onde até antes da atual crise financeira os bancos competiam fortemente para oferecer taxas menores para atrair clientes, a liquidação antecipada de dívidas era uma das maiores fontes de incerteza para essas instituições.
Como o cliente poderia deixar o financiamento - especialmente o habitacional - a qualquer momento, as instituições financeiras nunca sabiam exatamente com quanto poderiam contar de receita proveniente de empréstimos já feitos, mesmo provisionando perdas para inadimplência.
Alguns bancos chegavam a contratar uma espécie de seguro contra a perda de clientes, que cobria parte das receitas previstas de financiamentos concedidos.
Essa incerteza quanto à liquidação antecipada de dívidas foi um dos fatores que mais incentivaram o mercado de derivativos de crédito, que deu origem à crise das hipotecas "subprime" (de segunda linha).
No caso, a securitização (transformar dívidas em papéis negociados no mercado) de débitos e os derivativos de crédito eram os mecanismos pelos quais os bancos repassavam os riscos de inadimplência e de término de contratos para investidores institucionais, como fundos de investimento.
Durante a crise, essa incerteza dificultou o cálculo dos ativos do banco, como crédito, e diluía a capitalização das instituições financeiras para concederem novos empréstimos.