Jornal Correio Braziliense

Economia

Polícia tenta conter piquete na Embrapa

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Foco de uma greve cercada de tensão e que não conta com o apoio integral dos funcionários, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) viveu ontem um dia atípico. Grupos de trabalhadores tentaram impedir no início da manhã o acesso de colegas à sede da estatal, na Asa Norte. Não houve confronto, mas a polícia militar foi chamada para garantir a segurança dos que queriam entrar no prédio. O piquete durou algumas horas e, de acordo com o sindicato que representa a categoria, será reeditado ao longo da semana. Unidades da Embrapa estão parcialmente ou totalmente paralisadas no Distrito Federal e nos estados. Os funcionários alegam quebra de acordo por parte da direção e reivindicam, entre outras coisas, o pagamento do adicional de insalubridade com base no salário-base e não no salário-mínimo, como passou a ser feito pelo órgão. Os grevistas dizem que a adesão gira em torno de 90%, enquanto que o balanço oficial da Embrapa aponta para cerca de 30% ; o total de empregados chega a 8,6 mil pessoas. O movimento começou há uma semana. Ontem, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que a greve não pode interferir no funcionamento regular e no livre trânsito dos profissionais às instalações físicas da empresa em todo o Brasil. Na liminar, o tribunal fixou multa diária no valor de R$ 50 mil que será aplicada ao Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf), em caso de desrespeito à ordem. Em nota, a Embrapa informou que, apesar do incidente, está mantida para hoje uma reunião que vai discutir o novo acordo coletivo de trabalho. De acordo com a empresa, as negociações gerais estão abertas e a intenção é encontrar uma saída negociada para a paralisação. Radicalização Valter Endres, presidente do Sinpaf, disse que o piquete de confronto foi organizado para pressionar a empresa a prorrogar o acordo coletivo anterior e forçá-la a negociar ;concretamente; os itens da pauta de reivindicações ; inclusive aqueles que não têm efeito financeiro. ;A Embrapa recusou negociar de forma real. Há intransigência em alguns aspectos;, afirmou. Segundo ele, o sindicato está disposto a dialogar a qualquer hora e até cogita suspender a greve, se isso contribuir para que ambas as partes cheguem a um acordo. No momento, disposição do Sinpaf é intensificar a paralisação. Ainda que o protesto coloque em risco os projetos de pesquisa em andamento, Endres defende a paralisação total dos trabalhos como forma de, segundo ele, chamar a atenção da sociedade e do governo. ;Se greve não prejudicar nada, não precisa de greve. Se isso não ocorrer não tem razão de existir;, completou o sindicalista. O representante dos empregados disse ainda que os protestos nas portarias das unidades da Embrapa no DF e nos estados vão se repetir nos próximos dias. ;Vão se reproduzir amanhã e depois e depois e depois. Quantas vezes forem necessárias;, reforçou. Valter Endres, presidente do Sinpaf, sobre greve na Embrapa