O dólar na casa dos R$ 2 está levando as agências de viagem a fazerem promoções agressivas para estimular os clientes a viajar para fora do país. Há casos em que os pacotes oferecidos congelam o preço da moeda em R$ 1,89, como o site de viagens Decolar.com. Segundo Alípio Camanzano, diretor-geral da empresa no Brasil, há um mês foi lançada a promoção fixando o câmbio a R$ 1,99. Esta semana, baixou para US$ 1,89, pois como o dólar ficou estacionado na casa dos R$ 2, o apelo de R$ 1,99 perdeu o sentido. Segundo o executivo, desde o início da promoção, a procura por pacotes e passagens aumentou bastante. ;Tivemos praticamente a demanda de passagens duplicada;, comemora. ;Na verdade, tivemos duas coisas boas: a estabilização do câmbio e a liberação de tarifas internacionais;, ressalta Camanzano.
Ele cita o exemplo de passagens de ida e volta para Estados Unidos e Europa que, antes da liberação, eram vendidas por cerca de US$ 900 e hoje são encontradas por US$ 500 a US$ 600. Nesses casos, a Decolar oferece aos clientes quatro noites de hotel, uma semana de aluguel de carro ou ingressos para a Broadway para quem vai para os Estados Unidos. Com isso, Camanzano garante que as vendas da Decolar já voltaram ao nível anterior à turbulência econômica internacional. ;Na crise, a procura por pacotes para Buenos Aires chegou a cair 80%. Para Estados Unidos e Europa, cerca de 40%. Vamos fechar este mês 40% acima do previsto;, comemora.
No Distrito Federal, as agências optaram por cortar os preços em vez de fixar o câmbio. ;Estamos com excursão para a Disney em julho com desconto de US$ 100 até o fim do mês e para janeiro baixamos US$ 250;, afirma Dalton Craveiro, diretor da MS Turismo. ;A gente está negociando descontos com fornecedores e companhias aéreas. É mais sensato e mais justo que fixar câmbio;, diz. Ele reforça que a estabilidade do câmbio beneficia bastante o mercado de viagens internacionais, que sofre desde setembro do ano passado. O empresário informa que os clientes estão temerosos em relação às férias de julho. Mas para janeiro os pacotes já estão sendo fechados. Segundo Craveiro, a MS Turismo conseguiu compensar a queda nas vendas de viagens para os Estados Unidos com pacotes com novos destinos para a Europa.
Baque menor
João Eduardo Zisman, presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem no DF (Abav-DF) explica que, depois de outubro, houve retração do turismo internacional muito mais em função da alta do dólar do que da redução da vontade de viajar. ;A vontade (dos brasileiros de viajar) não acabou. Tanto que aqueceu o mercado interno, que estava preparado para isso e cresceu até mais que a expectativa em relação a outros anos;, afirma.
Segundo Zisman, o mercado chegou a cair até 40% em determinadas regiões do país, mas em Brasília o maior poder aquisitivo da população e a demanda governamental isso não ocorreu.;Houve esforço grande do empresariado na baixa temporada, logo depois do carnaval, de estimular viagens internacionais. Quando começou a melhorar, veio a gripe suína. Não podemos atribuir todo o efeito, mas teve impacto;, analisa. A estabilidade do dólar e a liberação das tarifas internacionais vão ajudar o setor, segundo Zisman. ;Mesmo se não revertermos as vendas no meio do ano, acredito que até o fim (do ano) estaremos sem prejuízo do mercado internacional;, acrescenta.