O capital estrangeiro continua a entrar na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) e a impulsionar os preços das ações brasileiras. Após a forte correção de ontem, esses investidores voltaram às compras, num dia em que os números da economia americana, e doméstica, voltaram a reforçar o sentimento positivo, por enquanto predominante no mercado. Em um ambiente de menor aversão a risco, as taxas de câmbio recuaram mais uma vez, para R$ 1,94.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, valorizou 2,64% no fechamento e alcançou os 53.463 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,58 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em alta de 0,86%.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,942, em uma retração de 1,12% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 279 pontos, número 4,45% abaixo da pontuação anterior.
Pedro Alceu Cardoso, gerente de renda variável da corretora TOV, tem perspectivas positivas para a Bolsa de Valores, observando o fluxo de capital externo. Ele, porém, como outros analistas do mercado financeiro, também possui reservas quanto ao cenário da Bovespa nas próximas semanas. "É preciso cautela pois apesar do investimento a longo prazo ser sempre lucrativo, em um médio prazo poderemos ter solavancos, em razão do excesso de liquidez que estamos vivendo", comenta. "Vale ressaltar que o Ibovespa ainda está aproximadamente 40% abaixo do pico de 2008 e portanto ainda os preços estão muito atrativos para a compra", acrescenta.
Até o pregão de 1° de junho, o saldo de investimentos estrangeiros bateu a casa dos R$ 11,8 bilhões desde janeiro. A cifra revela a importância do investidor estrangeiro para o mercado de ações doméstico, onde esse agente financeiro já responde por mais de 35% do volume mensal de negócios.
Por esse motivo, o mercado tende a acompanhar de perto os desdobramentos da economia global, principalmente dos EUA. Hoje, os números mais recentes voltaram a reforçar o sentimento positivo, por enquanto, dominante no ambiente de negócios.
Em destaque, as estatísticas do Departamento de Trabalho dos EUA revelaram logo pela manhã uma notícia positiva: mais uma vez, caiu a demanda de trabalhadores pelo seguro-desemprego: os pedidos iniciais desse benefício somaram 621 mil na semana passada, uma queda de 4.000 na comparação com a semana imediatamente anterior.
A procura por essa ajuda federal é um dos indicadores mais influentes sobre a situação do mercado de trabalho americano. Analistas também chamaram a atenção para o fato de que o número de beneficiados encolheu pela primeira vez neste ano. Esses números ganham importância ainda maior porque hoje é véspera da divulgação do fundamental "payroll´, o boletim do governo americano que mostra a geração/destruição de vagas e a taxa de desemprego. Menos postos de trabalho afeta diretamente as expectativas para o consumo, uma das principais alavancas da economia americana.
Outro dado, desta vez, do setor corporativo, também ajudou a melhorar o humor dos agentes financeiros: a gigante do varejo Wal-Mart anunciou o plano de criar 22 mil empregos nos Estados Unidos ainda neste ano. Ainda no cena internacional, o BCE (Banco Central Europeu) manteve nesta quinta-feira sua taxa de juros em 1% ao ano, a menor da história da instituição, em linha com as expectativas dos economistas do setor financeiro.
As notícias domésticas também não assustaram o mercado. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que a produção industrial do país subiu em sete das 14 regiões pesquisadas no mês de abril, puxada pelo desempenho dos Estados de São Paulo e Minas Gerais.
E a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) comunicou um aumento de 6,7% entre os meses de abril e maio da produção nacional de veículos. O nível de produção, no entanto, ainda está 7,7% abaixo dos patamares de 2008.