Os Bancos Centrais de Brasil e Argentina formalizaram nesta sexta-feira a implementação do aumento do limite de crédito do CCR (Convênio de Pagamentos e Crédito Recíproco), que passou de US$ 120 milhões para US$ 1,5 bilhão. A informação foi confirmada nesta sexta-feira pelo presidente do BC, Henrique Meirelles, após reunião com empresários brasileiros e argentinos em São Paulo.
O CCR é uma espécie de garantia contra calotes nas transações comerciais entre os países. O aumento da linha foi anunciado pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner em abril deste ano, durante visita do brasileiro a Buenos Aires.
"Estamos no processo de trabalho para a implementação do convênio de crédito recíproco. É um movimento muito importante para preservar o comércio dos dois países num momento de diminuição do fluxo de comércio internacional", afirmou.
Segundo ele, a implementação dessa linha de crédito vai facilitar o crédito das empresas em meio às "dificuldades de financiamentos internacionais". Sem definir quando o projeto passará a valer, Meirelles afirmou que espera ver a liberação desses créditos "o mais rápido possível".
Real e peso
Meirelles ainda disse que pretende divulgar cada vez mais a possibilidade de trocas bilaterais com real e peso argentino. A medida, que tem por objetivo dispensar o dólar das trocas entre os dois principais sócios do Mercosul, já havia sido anunciada em outubro do ano passado.
"É muito importante mencionar que essa medida funciona hoje, do ponto de vista técnico, de uma maneira eficaz", segundo o presidente do BC brasileiro. "O número de empresas que já realizam esse tipo de comércio é pequeno, mas a tendência é que isto comece a se implantar." A medida foi amplamente discutida entre os empresários brasileiros e argentinos que estiveram reunidos em São Paulo, com os presidentes do BC.
"Com essas dificuldades da economia americana, verificamos a volatilidade do dólar. Na medida em que elevamos os referenciamentos nas moedas locais, a precificação fica mais fácil, porque teremos que olhar o aspecto da cotação real do dólar, sem se preocupar com as modificações no valor da moeda americana." O presidente do bc argentino, Martín Redrado, afirmou que a ideia é bastante importante, porque incentiva o desenvolvimento do setor privado dos dois países.
"A relação entre Brasil e Argentina se baseia na geração de interesses do setor privado. Por isso, trabalhamos com ênfase no sistema de moedas locais, que cada vez mais ganha força em várias regiões do mundo."