Jornal Correio Braziliense

Economia

Economia dos EUA contrairá 3,5% em 2009, diz ONU

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A economia americana contrairá 3,5% este ano, nove décimos a mais que a média mundial, mas conseguirá se recuperar em 2010 e registrar um crescimento de 1%, segundo cálculos da ONU. A organização multinacional apresentou hoje um relatório elaborado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais, no qual repassa a situação atual da economia mundial e publica suas previsões para o próximo ano. O relatório lembrou que a economia da principal potência mundial cresceu entre 2004 e 2007 a um ritmo médio de 2,6% anual, até que, em 2008, veio a crise e seu PIB (Produto Interno Bruto) aumentou apenas 1,1%, segundo os dados. Os especialistas responsáveis do relatório consideraram que este ano será ainda pior para os Estados Unidos, que terá uma contração da economia de 3,5%, assim como a UE (União Europeia), mas menos que a do Japão (-7,1%) e que a média das economias desenvolvidas, que, em conjunto, retrocederão 2,9%. 2010 A respeito de 2010, os especialistas das Nações Unidas calcularam que o mais provável é que a economia americana avance 1%, um ritmo "pobre" que está "muito abaixo do que precisa para se recuperar da recessão." "A brusca queda do mercado imobiliário que começou em 2006 continua, enquanto a dificuldade para conseguir empréstimos, a queda dos preços dos ativos e o aumento do desemprego reduzem ainda mais o investimento empresarial e o consumo doméstico", argumentaram os especialistas sobre a situação atual da economia americana. Segundo o relatório, será preciso mais tempo para que as medidas iniciadas consigam reativar o sistema financeiro americano e recuperar o crescimento econômico, após passar pelo que qualificam como "a pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial." Além disso, consideraram que "há incerteza sobre a eficácia destas medidas", já que, "com o desemprego aumentando com força e o endividamento financeiro diminuindo, o risco de a economia cair em uma prolongada deflação segue aumentando." Os especialistas advertiram que, no pior dos casos, a economia do país não registrará mudanças entre 2009 e 2010, enquanto, no contexto mais otimista possível --se as medidas de reativação tiverem bons resultados--, o PIB pode começar a crescer na segunda metade de 2010 e fechar o ano com um avanço de 1,5% a respeito deste ano. Nesse sentido, afirmaram que o déficit público americano poderia aumentar até os cerca de US$ 1,58 trilhão em 2009, o que representaria cerca de 11,3% do PIB, frente ao US$ 0,45 trilhão de 2008, quando era equivalente a 3,1% do PIB. Aumento da economia O aumento da economia das famílias americanas ajudará a financiar, em parte, esse aumento do déficit. O resto, segundo os especialistas da ONU, requereria investimentos estrangeiros ou a impressão de mais dinheiro. "Em qualquer dos dois casos, é provável que seja renovada a pressão para baixo sobre o dólar, já que os investidores terão cada vez mais medo das perdas futuras que seus ativos adquiridos em dólares possam acumular", advertiu o relatório. Além disso, os especialistas consideraram fundamental elevar a coordenação internacional para definir e harmonizar iniciativas de reativação econômica. Insistiram em que, "sem uma adequada coordenação entre os planos de estímulo iniciados no mundo todo e o modo em que estes são financiados, as incertezas sobre o modo de eliminar os desequilíbrios internacionais podem se transformar em uma nova fonte de instabilidade financeira."