Jornal Correio Braziliense

Economia

Cemig quer comprar 50% das ações da CEB

Proposta é de firmar gestão na qual nenhuma das companhias seja majoritária. Interesse da CEB é ter pelo menos R$ 500 mi para investir

A Cemig quer comprar metade da Companhia Energética de Brasília (CEB) para exercer uma gestão compartilhada na concessionária do Distrito Federal. A proposta é que cada uma das companhias fique com exatos 50% das ações da CEB, de modo que nenhuma das duas seja majoritária, conforme afirmou ao Correio o presidente da CEB, Benedito Carraro. ;Se for gestão compartilhada, é 50 (%), 50 (%). É isso que a Cemig quer. É claro que não está descartado 49 (%), 51 (%), mas, aí, já sou majoritário, mando. O que ela (Cemig) quer é dividir. Essa é a proposta da Cemig;, informou. A CEB tem interesse no negócio, pois precisa investir R$ 500 milhões até 2012 para melhorar o fornecimento de energia no Distrito Federal e poder pleitear melhores bases de remuneração da tarifa, que atualmente é a mais baixa do país. ;Temos interesse, mas o governador (José Roberto Arruda) falou: não posso perder o controle acionário. Há várias opções. Uma delas, que nos agrada, é a parceria para fazer uma gestão compartilhada. Meio a meio. A Cemig compra 50% da CEB e vamos dividir a gestão. Daqui a dois anos, completa-se esse ciclo e, no próximo, eles (Cemig) podem pegar alguma diretoria, conselho da CEB;, explica Carraro. Um dos maiores alvos da CEB na parceria é assumir o controle da usina de Queimados, localizada em Minas Gerais, para melhorar os serviços no DF. Hoje, a CEB detém 17% do controle. ;Se der certo essa parceria, ela (Cemig) pode passar essa usina para nós, e deslocá-la para atender o DF, em regiões como São José. Se fosse colocada para lá, seria perfeito. É até por isso que a Cemig nos chamou mais atenção;, ressalta Carraro. Consumidor Outra vantagem, segundo o executivo, é que a concessionária mineira poderia adiantar para a CEB os R$ 500 milhões necessários para investimentos até 2012, o que poderia beneficiar diretamente o consumidor. ;Precisamos desse dinheiro para melhorar o sistema e a qualidade do serviço porque, além de prejudicarmos o consumidor, estamos sendo penalizados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica);, afirma. Carraro lembra que existe uma ação na Justiça na qual a agência cobra R$ 14 milhões da CEB de multas da gestão passada. ;Como está na Justiça, a CEB é devedora. Temos R$ 50 milhões na Eletrobras, que gastamos. Está lá para liberar e não pode ser liberado porque estamos no Cadin (Cadastro de Inadimplentes). Estamos perdendo dinheiro com juros de empréstimo. Se a Cemig entrar, diminuiríamos esse valor e poderíamos reduzir em pelo menos 25% o tempo de investimentos. É bom para nós? É. Quem ganha? É uma relação de ganha ganha. Tem que ser bom para a Cemig, para nós, para o governo e muito mais para o consumidor;, ressalta. O executivo lembra que as fontes de investimento para a CEB também estão escassas. ;Tem o Fundo do Centro-Oeste. Fomos a empresa que mais pegou recursos: R$ 100 milhões. Não tem como pegar mais. Com a Caixa pegamos para pagar Furnas. São R$ 220 milhões e pegamos mais R$ 20 milhões em seguida para pagar dívida de curto prazo. Com o Banco do Brasil temos um empréstimo e vamos pegar mais R$ 15 milhões esta semana. BNDES não pode financiar estatal. Nos bancos privados, a taxa é bastante excessiva;, reclama. ;Então, o caminho é vender algum ativo.; Apesar da dificuldade de obtenção de crédito, Carraro observa que se a parceria não for fechada, a CEB tem como honrar os investimentos. ;A Cemig dá uma folga, um fôlego para a administração. Mas se não der certo, não vamos deixar de investir. Para 2010, temos vislumbrado R$ 130 milhões;, garante. Procurada, a Cemig não se pronunciou. A empresa apenas fez menção ao comunicado ao mercado divulgado na semana passada, no qual fala de estudos preliminares para ampliar sua participação na CEB.