O secretário extraordinário de Reformas Econômico-Fiscais, Bernard Appy, disse hoje que as perspectivas são de que a diferença entre o custo de captação de recursos pago pelo bancos e o juro cobrado dos clientes, ou seja, o spread bancário, comece a cair no longo prazo. Appy enfatizou que além das medidas que vêm sendo adotadas pelo governo federal de implantação de um cadastro positivo, os bancos públicos tem atuado de forma mais agressiva para acelerar a expansão do crédito. O cadastro positivo é um grande banco de dados que vai ajudar no aumento da disputa das instituições financeiras junto aos bons clientes, que apresentam histórico favorável.
"No curto prazo, o que tem ocorrido é uma atuação mais agressiva dos bancos públicos para reduzir os spreads, até por conta da retração dos bancos privados motivada pela crise", afirmou, antes de uma reunião do Conselho de Política Econômica e Industrial da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). Appy destacou que no Brasil há uma série de fatores que contribuem para os spreads elevados e citou a inadimplência, a baixa alavancagem do sistema financeiro e a assimetria de informações. Está última, observou, será combatida com a criação do cadastro positivo.
Para ele, porém, ao longo do tempo e com a estabilidade econômica a tendência é de que haja aumento do volume de crédito no País e redução do custo das operações, enfatizando que tudo isso deve levar a uma redução dos spreads bancários no longo prazo.
Poupança
Sobre o projeto de alteração na tributação da caderneta de poupança, que prevê a cobrança de Imposto de Renda (IR) sobre depósitos superiores a R$ 50 mil, Appy reiterou que o texto está pronto e pode ser encaminhado antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para o início do mês que vem, mas essa decisão não depende dele, mas sim do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do presidente Lula. "Do nosso ponto de vista o projeto está pronto. Em um primeiro momento, a proposta inclui apenas a mudança na tributação da poupança e outras aplicações que têm isenção, como letras hipotecárias", disse. No caso dos fundos de investimentos, o governo deve esperar para avaliar a conjuntura.