Após uma semana de forte instabilidade na Bolsa, com os investidores divididos sobre o rumo dos negócios, os mercados devem procurar nos próximos dias dados para justificar o otimismo recente ou dar espaço para correção nos preços.
Na reta final para encerrar maio, os investidores tentam preservar os ganhos acumulados no mês. Se mantiver os ganhos nos próximos dias, maio será o terceiro mês seguido de recuperação na Bolsa. Até sexta, o Ibovespa tinha alta de 6,93% -no ano, a valorização já chega a 34,67%.
Na agenda, o destaque fica para a segunda prévia do PIB dos EUA no primeiro trimestre, que sai na sexta e deve mostrar retração de 5,5% -na primeira prévia, a queda era de 6,1%. Os mercados, porém, iniciam a semana com poucos negócios devido ao feriado americano, hoje, pela memória dos mortos em guerra.
Amanhã, saem dados sobre a confiança do consumidor e dos preços dos imóveis nos EUA. Analistas esperam uma sensível melhora em ambos os indicadores, que alimentam a percepção do americano médio sobre o desenrolar da economia.
Na quarta-feira, os EUA divulgam mais dados sobre o mercado imobiliário: solicitação de novas hipotecas e venda de imóveis usados.
A quinta-feira reserva indicadores de atividade econômica e de mercado de trabalho. Os analistas preveem aumento de 0,5% nos pedidos de bens duráveis em abril -pouco menos do 0,8% de março.
Quanto ao mercado de trabalho, a expectativa é de leve aumento no número de pedidos de seguro-desemprego na semana passada, podendo chegar a 635 mil solicitações -na semana anterior eram 631 mil.
"O mercado vai continuar oscilando. A gente precisa de mais indicadores e mais tempo para encontrar um rumo para a atividade econômica. Ainda é muito cedo para ter certezas", disse Elson Teles, economista da corretora Concórdia.
Dúvida sobre inflação
No Brasil, o dado mais aguardado é o IGP-M fechado de maio, que deve sinalizar amanhã uma alta de 0,10% nos preços -em abril, a variação foi negativa de 0,15%.
No final da semana passada, os investidores pressionaram as taxas de juros negociadas na BM com a expectativa de que o Banco Central tenha de reduzir o ritmo nos cortes da taxa Selic, o juro básico.
A perspectiva ganhou fôlego após o IPCA-15 de maio mostrar uma inesperada aceleração nos preços --passou de 0,36% em abril para 0,59% neste mês. Hoje, o mercado saberá se isso mudou as projeções dos bancos na pesquisa Focus.
"Houve uma piora forte da atividade econômica, que gradativamente vem se recuperando, mas a inflação recuou pouco. A desaceleração aconteceu em um ritmo muito lento em relação ao que aconteceu com a economia. Isso confirma aqueles alertas do BC de que a inflação tem algumas travas que fazem com que os preços não se desacelerem tão rapidamente como em outros países", diz Silvio Campos Neto, economista do Banco Schahin.
A FGV (Fundação Getulio Vargas) divulga hoje sua Sondagem do Consumidor de maio. A pesquisa passou a ser acompanhada com atenção nos últimos meses por revelar a disposição do brasileiro de fazer novos gastos e tomar dinheiro emprestado.
Amanhã, o Banco Central solta a sua nota das contas externas, com dados sobre o desempenho da conta corrente brasileira e os investimentos estrangeiros no país.