O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a decisão da Vale de cortar investimentos, cobrou a manutenção dos projetos no Brasil e alertou que a empresa não tem motivos para reduzir seus planos. Para Lula, os investimentos da empresa são fundamentais para o crescimento brasileiro. Dizendo-se ;surpreso; com a notícia do corte de investimentos, Lula prometeu que entrará em contato com o presidente da companhia, Roger Agnelli, para saber quais serão os projetos cortados e o que será afetado no Brasil. ;Não vejo necessidade de parar os investimentos, até porque a Vale tem dinheiro em caixa;, afirmou Lula.
;A Vale é uma empresa sólida, eu sei que ela tem muitos recursos em caixa e, portanto, a Vale precisa aproveitar esse momento para fazer os investimentos necessários no Brasil e fazer a economia brasileira crescer;, disse o presidente. A Vale reduziu em US$ 5,2 bilhões sua projeção de investimentos para 2009. A decisão, aprovada na quinta-feira pelo conselho de administração da companhia, foi motivada por três fatores: redução de custos, desvalorização do real e alongamento dos cronogramas de alguns projetos. A cifra supera o valor de todos os projetos de expansão do setor de papel e celulose para os próximos quatro anos, que soma cerca de US$ 4,5 bilhões, segundo estimativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Os cortes ocorrem no momento que Lula percorre o mundo para tentar vender a ideia de que a crise no Brasil não está sendo tão profunda como em outros países. Lula insistiu nos investimentos no setor de infraestrutura no país e alertou a todos que o Brasil ;não entrará em recessão;. Nesta semana, Lula disse a empresários em Istambul, que o Brasil ;possivelmente já seria o maior exportador de minério do mundo;. ;Eu estive com Agnelli há 15 dias e conversamos sobre os investimentos no Pará. Estou surpreso agora com essa informação. Vamos ver quais são os investimentos que ela irá parar de fazer;, disse o presidente hoje, antes de embarcar para o Brasil de volta de uma turnê pela Arábia Saudita, China e Turquia. A situação pode piorar ainda mais. Segundo especialistas do setor, a Vale deve realizar novas reduções de investimentos devido à fraca demanda por minério no mercado e pela necessidade de preservar caixa.