A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) voltou a fechar com sinal positivo, após uma sequência de três pregões de realização de lucros (venda de papéis valorizados no curto prazo). Em um dia morno, o investidor superou as más notícias da economia europeia e disparou ordens de compra, focando as "blue chips" Petrobras e Vale, além de ações de bancos e siderúrgicas. A taxa de câmbio foi de R$ 2,02, menor preço desde outubro de 2008.
Na semana, a Bolsa de São Paulo acumula ganho de 3,18%, enquanto no mês, a valorização atinge 6,93%. Na semana, os preços da moeda americana recuaram 3,93%. No mês, a desvalorização chega a 7%. O termômetro da Bolsa, o índice Ibovespa, avançou 0,96% no fechamento e bateu os 50.568 pontos. O giro financeiro foi de R$ 3,62 bilhões, abaixo da média do mês (R$ 5,72 bilhões). Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em queda de 0,18%.
O dólar comercial foi vendido por R$ 2,027, em uma retração de 0,49% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 305 pontos, número 2,24% abaixo da pontuação anterior.
O mercado mostra indícios de que já começou a revisar seu "otimismo" com o possível fim da recessão mundial. O alerta foi dado hoje pelo economista Nouriel Roubini, que ganhou fama mundial por ter antecipado a crise.
"Se eu estiver certo nas minhas projeções macroeconômicas, a recuperação dos mercados será medíocre, os ganhos das empresas não crescerão rapidamente e a deflação persistirá. Isso trará surpresa para o mercado", advertiu ele, em seminário na cidade de São Paulo.
Nas mesas de operações das corretoras, o otimismo também começa a amenizar. "A Bolsa passou por nove semanas de ganhos, teve um pouco de realização na semana passada, mas já voltou a ter alta nesta semana. Acho que subiu rápido demais: Nova York não teve esse desempenho todo e os preços das commodities também não deslancharam para sustentar essas altas", comenta José Carlos Oliveira, operador da corretora Senso.
"Realmente, o fluxo de recursos [para a Bovespa] está muito forte, mas é possível que a gente passe por algum período de realização. Não é nada demais para o mercado voltar para os 45 mil pontos antes de subir novamente", acrescenta.
PIBs
Entre as principais notícias do dia, o governo britânico informou que o Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido recuou 1,9% no primeiro trimestre de 2009 na comparação com o trimestre anterior, e 4,1% em relação ao mesmo período do ano passado.
Trata-se da terceira queda consecutiva do PIB local, confirmando a profundidade da recessão em uma das maiores economias da Europa.
Ontem, a agência Standard & Poor´s rebaixou a perspectiva para o "rating" do Reino Unido, o que gerou um mau humor generalizado nos mercados, principalmente com a suspeita de que de eventos semelhantes podem ocorrer em outras economias centrais, como os EUA, por exemplo.
EUA
Nos EUA, Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), fez um discurso sem maiores destaques e declarou que a atual crise econômica tem dominado sua carga horária pelos últimos 21 meses.
Ásia
Já na Ásia, o Banco do Japão (BOJ, banco central do país) melhorou suas projeções para a economia do país, estimando uma melhora do PIB no segundo trimestre. No primeiro trimestre, a economia japonesa recuou 4%. De março de 2008 a março de 2009, a queda é de 15,2%.
Cena doméstica
No front doméstico, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que a inflação medida pelo IPCA-15 acelerou de 0,36% em abril para 0,59% em maio, batendo com folga as expectativas dos economistas, que esperavam variação de 0,46%.