Jornal Correio Braziliense

Economia

Valorização do real preocupa e solução está nos juros, diz Mantega

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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu nesta sexta-feira que o governo federal está preocupado com a recente valorização do real ante o dólar, ocorrida principalmente com a volta do fluxo da moeda americana para dentro do país trazida por investidores estrangeiros. Segundo ele, esse fluxo atrapalha o setor exportador, mas tem "um lado positivo" por poder significar a volta do investimento estrangeiro depois de uma interrupção causada pela crise financeira global. "Essa valorização (do real) atrapalha os setores produtivos, os setores exportadores, a agricultura, etc. Então ela é uma fonte de preocupação", disse Mantega após participar de seminário sobre a crise financeira organizada pela revista "Carta Capital", em São Paulo. "Mas devemos olhar pelo lado positivo, são mais investidores interessados no Brasil." Para evitar uma maior desvalorização do dólar ante o real, Mantega disse que o Banco Central já atua em duas frentes: a compra de dólares para recompor as reservas internacionais e, principalmente, a manutenção da queda nas taxas de juros. "O BC já está comprando mais e recompondo reservas, o que é muito bom porque neste momento nós seríamos um dos poucos países aumentando nossas reservas", disse. "O Banco Central tem sinalizado que vai dar continuidade à queda dos juros, o ministro (presidente do BC, Henrique) Meirelles tem falado isso, e portando acredito que esta é a direção correta." Mantega disse ainda que esse fluxo positivo de dólares para o Brasil é mais uma prova de como o país está forte para superar a crise. "Tanto é verdade que o Brasil está sendo visto como um país que tem condições melhores que, na primeira melhorada que deu lá fora, já tem um forte fluxo de capitais para o Brasil." Sobre o desempenho da economia brasileira, Mantega disse esperar uma melhora mais fraca no primeiro semestre, e uma retomada mais vigorosa ao final do ano. "Já estamos em vias de recuperação. É uma recuperação mais lenta no primeiro semestre, ela vai se acelerando e nós deveremos terminar no último trimestre deste ano com a economia brasileira crescendo em torno de 3% a 4%. No [ano] fechado, acredito em um resultado positivo. A última estimativa que fizemos é de 1%. Vamos trabalhar para que seja isso ou mais que isso", explicou. Meta de inflação Questionado sobre a possibilidade do governo federal alterar a sua meta de inflação para 2011, o ministro se esquivou. Até 2010, a meta para a inflação é de 4,5% no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O cenário de redução da inflação gerado pela menor demanda já traz discussões sobre a possibilidade da meta ser reduzida. "Não há necessidade de fazermos alguma alteração em objetivos que estão dando certo", disse Mantega, ao citar que o país foi um dos poucos que ficou dentro da meta no ano passado e que está dentro neste ano também. "Não discutimos (uma possível redução na meta) ainda, vamos discutir com os demais membros do Conselho Monetário (Nacional), informou. O CMN é formado por Mantega, Meirelles e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.