Pela primeira vez em quase três anos, o Banco do Japão (BOJ, banco central do país) elevou a avaliação da economia do país, ao detectar sinais de melhora após o pior trimestre desde o final da Segunda Guerra Mundial.
Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, o presidente do BOJ, Masaaki Shirakawa, disse que o fim da "queda livre" chegou e que o PIB "melhorará no período abril-junho". No primeiro trimestre, a economia japonesa recuou 4%. De março de 2008 a março de 2009, a queda é de 15,2%.
Desde julho de 2006, o BOJ não publicava um relatório com expectativas econômicas positivas. Apesar disso, o conselho de política monetária da entidade acredita que o Japão já superou a pior fase --de quatro quedas consecutivas do PIB.
O BOJ afirmou que a segunda maior economia do mundo mostra sinais de melhora, como na produção industrial e nas exportações, e, com base nisso, espera que o crescimento sustentado comece no ano fiscal de 2010, que começará em abril desse ano.
Além disso, o banco central ressaltou que a queda dos preços arrefecerá, graças às medidas monetárias e fiscais do final do atual exercício, enquanto o BOJ deixou inalterada a taxa básica de juros, em 0,1%.
Produção e exportação
Em março, a produção industrial, indicador das expectativas de negócios dos fabricantes japoneses, melhorou pela primeira vez em meio ano, ao aumentar 1,6% em comparação ao mês anterior.
A alta se consolidou, em grande parte, com a recuperação do interesse pelos produtos japoneses por parte dos Estados Unidos e da Europa, principais clientes das multinacionais japonesas, agentes essenciais de uma economia especialmente orientada à exportação.
As exportações, que acumulam quedas que rondam 45% anualizado desde o final de 2008, aumentaram 2,2% em março em relação a fevereiro, encerrando quatro meses consecutivos de quedas.
O BOJ afirmou que "o ritmo de deterioração das condições econômicas moderará de forma gradual". A mesma opinião é compartilhada pelo ministro da Economia japonês, Kaoru Yosano, que, após a publicação dos dados de crescimento, afirmou também que o pior passou.
No entanto, a instituição monetária lembrou que as condições financeiras continuam difíceis e que espera que a demanda interna continue diminuindo, enquanto o investimento se recuperará pouco a pouco.
Melhora lenta
Em seu relatório, o BOJ antecipou que o Japão retomará o caminho do crescimento sustentado a longo prazo, mas mantém certas reservas devido à incerteza sobre a evolução da economia global.
No mês passado, o banco central destacou que a segunda maior economia mundial estava se deteriorando "significativamente", e agora, apesar da nova mudança de discurso, acredita que ainda restam fatores que prejudicarão a economia do país, como o baixo consumo e a deflação.
Especialistas afirmam que a crise global começará a se dissipar na Ásia, onde as economias orientadas à exportação estão começando a notar a melhora na demanda externa e o efeito de planos de estímulo que na China e no Japão chegaram ao equivalente a 5% de seu PIB.
Na reunião, o conselho de política monetária do BOJ decidiu, por unanimidade, manter a taxa de juros em 0,1%, após situá-los nesse nível em dezembro do ano passado, e ampliou as medidas para injetar liquidez nos mercados financeiros.
Desde então, o banco central japonês recorreu a medidas excepcionais para facilitar aos bancos o acesso à liquidez, como comprar dívida pública e emitida pelas empresas, e hoje anunciou que aumentará a categoria de ações não convencionais a papéis dos EUA, Alemanha, França e Reino Unido.