Na contramão da tendência global, a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil cresceu 30% entre 2007 e 2008, segundo um relatório publicado nesta quarta-feira (20/05) pela Agência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad).
Segundo o estudo Avaliação do impacto da atual crise financeira e econômica nos fluxos de investimentos estrangeiros diretos, que traz uma revisão de números divulgados em janeiro, a movimentação de investimentos externos caiu 15% a nível global de 2007 para 2008, após atingir um recorde de US$ 1,9 trilhão em 2007.
Na avaliação da agência, a queda é puxada pelo agravamento da crise financeira internacional no ano passado, o que fez com que as empresas sofressem uma redução na capacidade de investir. A diminuição dos investimentos, esclarece a Unctad, deve-se à queda dos lucros das companhias e ao difícil acesso ao mercado de crédito.
A Unctad não especificou os fatores que alavancaram a entrada de investimentos estrangeiros no Brasil no ano passado, mas mostra que o país se saiu melhor do que outras nações pesquisadas, entre elas algumas das maiores economias do mundo.
Retração
Dos 18 países desenvolvidos pesquisados, dez sofreram uma redução no fluxo de investimentos vindos de fora. Entre os mais afetados estão Alemanha (-55,8%), Grã-Bretanha (-50,7%), Itália (-66,9%), Holanda (-103%) e Japão (-15%).
Contrariando as previsões, os Estados Unidos verificaram um aumento de 37% na captação de investimentos estrangeiros em 2008.
Entre os 19 países em desenvolvimento investigados, oito tiveram queda no fluxo de capital estrangeiro, como México, Peru e Turquia. No geral, as economias em desenvolvimento tiveram um crescimento de 7% no volume de investimentos estrangeiros no ano passado.
Todos os países do BRIC (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China) registraram aumento na entrada de investimentos vindos de fora, sendo que a Índia acumulou o maior crescimento (85%), seguida pela Rússia (34%), Brasil (30%) e China (5%).
Previsões
A previsão da Unctad para 2009 é de contínua queda no fluxo dos investimentos, não apenas nos países desenvolvidos, como também entre os em desenvolvimento.
Uma das tabelas compiladas pela agência mostra que o valor investido em fusões e aquisições de empresas nos países em desenvolvimento "caiu dramaticamente" no primeiro trimestre de 2009.
Nos primeiros três meses deste ano foram movimentados pouco mais de US$ 10 bilhões nestas transações, enquanto que no período imediatamente anterior, o valor tinha sido de US$ 40 bilhões.