A fusão das operações da Sadia e da Perdigão ganhou vulto em 2006. Segundo o presidente do conselho de administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan, no entanto, desde as primeiras conversas até a conclusão do acordo, que deve ser anunciado hoje, foram pelo menos cinco tentativas de unificação entre as empresas nos últimos dez anos.
Em 2006, a Sadia tinha melhor condições de caixa e fez uma "oferta hostil" pela concorrente em 17 de julho. A proposta previa a compra de 100% das ações da Perdigão pelo preço de R$ 27,88 por ação. Mas foi recusada dois dias depois por acionistas representantes de 55,38% do capital da Perdigão.
Em resposta, a Sadia aumentou o preço por ação para R$ 29, em 20 de julho e, no mesmo dia, a oferta foi recusada. Em 21 de julho de 2006, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) emitiu comunicado de que a oferta perdeu efeito, ante a recusa dos acionistas da Perdigão e a manutenção pela Sadia da condição de aceitação mínima. A Sadia desistiu da oferta.
No final de 2006, a Perdigão fez oferta primária de ações, com a emissão de 32 milhões de novas ações, ao preço de R$ 25 por título. A operação resultou na captação de aproximadamente R$ 800 milhões.
Em março deste ano, após a Sadia registrar o primeiro prejuízo de sua história, em 2008, o assunto da unificação voltou à cena. No ano passado, a Sadia teve perdas de R$ 2,5 bilhões, em função de suas operações cambiais. A Perdigão, por sua vez, registrou queda de 83% no lucro líquido em relação a 2007, alcançando R$ 54,4 milhões.
Em 24 de abril, a Perdigão informou, em comunicado à CVM, a retomada das conversas com a Sadia sobre uma possível associação de ambas. Uma semana antes, o presidente do conselho de administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan (presidiu a Sadia por dez anos, deixou o cargo há seis para integrar o governo Lula e voltou à empresa no final de 2008), afirmou que as negociações para a fusão com a Perdigão "caminhavam bem".
Os rumores sobre a unificação das operações ganharam força nesta última semana, até ser anunciado hoje. A empresa resultante da fusão terá faturamento na casa dos R$ 25 bilhões, exportações em torno de R$ 11 bilhões e deverão somar 120 mil funcionários, inicialmente. A nova companhia será a maior exportadora de produtos de carne processada do mundo. Entre as empresas brasileiras, ficará atrás de Petrobras e Vale do Rio Doce.
Com o negócio, os ganhos estimados em sinergia são da ordem de R$ 2,2 bilhões, segundo a corretora Brascan. Para a Central do Investidor, o valor de mercado da nova empresa chegaria a R$ 11,8 bilhões. O negócio precisará ser aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).