A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) disse nesta sexta-feira que afirmar que a classe média foi prejudicada com a cobrança de IR em cadernetas de poupança acima de R$ 50 mil é encobrir o verdadeiro motivo da mudança: evitar a migração de grandes investidores.
"Dizer que a classe média é prejudicada com a mudança é encobrir grandes investimentos que estavam sendo deslocados para a poupança. Não vamos acreditar em conto de fadas, não é bem a classe média (que foi atingida)", afirmou.
Dilma disse que o "movimento" de aplicações de investimentos acima de R$ 50 mil na poupança foi identificado por "vários segmentos" e especialistas econômicos. "Eu não tenho conhecimento de que pessoas, havendo a possibilidade, não corram com o seu dinheiro para o lucro", afirmou. "O que está sendo evitado é o que seja investimento ou inversão financeira se beneficie da condição de poupança", afirmou.
A ministra disse acreditar que até o final do mês o governo vai encaminhar ao Congresso as medidas que alteram as regras.
"Vai ser enviado o mais rápido possível. Talvez até antes (do final do mês). O ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que pode mandar antes", afirmou.
Dilma informou que o governo vai realizar uma campanha de esclarecimento à população sobre as mudanças na caderneta de poupança, mas não adiantou o formato da campanha. "Será uma campanha de esclarecimento, mas ainda não sei a sua dimensão", afirmou.
Mudança
O governo anunciou na quarta-feira as regras para tributação da caderneta de poupança acima de R$ 50 mil. Será tributado apenas o que exceder tal valor. Hoje, todas as aplicações na poupança estão isentas. A medida ainda precisa ser aprovada no Congresso e passaria a valer em 2010.
Assim, uma aplicação de R$ 70 mil pagará imposto sobre o rendimento mensal dessa diferença, nesse caso, R$ 20 mil.
De acordo com a equipe econômica, as aplicações acima de R$ 50 mil representam cerca de 1% das contas na caderneta de poupança. A cobrança do IR será feita na fonte quando o valor do rendimento for superior a R$ 7.750, considerando a Selic atual (10,25% ao ano). Caso contrário, o IR só será pago na declaração do IR do ano seguinte.