Confiante na melhora da economia no segundo semestre deste ano, a Perdigão diz estar preparada para aproveitar esta virada do mercado. Em conferência telefônica com analistas, o diretor-presidente da Perdigão, José Antônio do Prado Fay, disse que as perspectivas são positivas e que a empresa está "líquida e forte". A fusão entre Perdigão e Sadia, que está prestes a ser divulgada, não foi mencionada.
"A perspectivas são positivas de maneira geral. A empresa reforça a confiança na retomada dos negócios e está preparada para resistir a alguns meses de transição para uma performance mais favorável. Queremos capturar o "upside" (virada) do mercado, que deve ocorrer de maneira mais nítida no segundo semestre. Mas ainda não é possível afirmar que a melhora sentida hoje é definitiva e sustentável", disse Fay.
Quanto ao mercado externo, a expectativa também é favorável, ainda que considere certo prolongamento da crise na Europa. "As perspectivas para o segundo semestre, no mercado externo, também são positivas. A empresa está forte e líquida para aproveitar este mercado", acrescentou.
Segundo o executivo, apesar das projeções positivas, o câmbio é uma ameaça para os negócios da empresa caso sustente a atual trajetória de queda. Ainda que os custos da empresa se reduzam com o dólar mais barato, a tendência é de a empresa elevar os preços dos produtos, diminuindo a competitividade em relação aos concorrentes americanos.
Os preços no mercado internacional, que foram um dos responsáveis pelo prejuízo no primeiro trimestre deste ano, têm de melhorar para a rentabilidade "voltar à normalidade". Segundo ele, caso o câmbio se mantenha na casa dos R$ 2, a empresa terá de repassar 15% do preço em dólar para repor a rentabilidade a patamares do ano passado.
Segundo Fay, a empresa foi buscar rentabilidade no mercado interno --elevando preços como no caso de processados de carne, que subiram quase 18%-- para compensar as dificuldades no mercado externo. A estratégia foi repassar o preços em sacrifício do volume de vendas. Mudança no consumo.
Por outro lado, a empresa constatou a mudança no comportamento do consumidor, que deu preferência à compra de produtos mais baratos. "Podemos aproveitar a extensão do nosso portfólio", disse o executivo. No cenário interno, a aposta é que a melhora do cenário internacional seja benéfica. "A melhora no humor e nas perspectivas econômicas colocará o mercado doméstico no trilho do crescimento e possibilita melhor repasse de preço e rentabilidade", disse Fay.
Ainda que aponte melhora na circulação do crédito e das condições de mercado, a empresa deve recorrer aos recursos oferecidos pelo BNDES para capital de giro. "Pretendemos usá-lo e já estamos trabalhando para capitar esses recursos. É uma linha boa para o setor."