Os diretores da Ford afirmaram nesta quinta-feira (14/05) aos acionistas da companhia que a situação da montadora é "diferente" da enfrentada por General Motors (GM) e Chrysler, e declararam que o plano de reestruturação já está funcionando.
Durante a reunião geral de acionistas realizada hoje na cidade de Wilmington, tanto o presidente do conselho de administração, Bill Ford, quanto o executivo-chefe da Ford, Alan Mulally, disseram que a fabricante está realizando "grandes progressos".
Mulally também disse que, embora espere que os pacotes de estímulo econômico reativem as vendas de automóveis nos próximos meses, a demanda global de veículos deve cair 15% neste ano.
Já os acionistas aprovaram o acordo com o sindicato United Auto Workers (UAW), pelo qual a Ford pagará com ações 50% do dinheiro que tem que fornecer ao fundo financeiro dos gastos de saúde dos aposentados.
Também foi aprovada a proposta para limitar os pagamentos de bonificações aos executivos até que a Ford tenha dois anos consecutivos de lucro.
A companhia disse que Mulally recebeu US$ 2 milhões em 2008. A compensação total que o executivo recebeu, contabilizadas as opções sobre ações e outras recompensas acionárias, somou US$ 13,6 milhões, 37% a menos do que em 2007.
O trabalho do executivo-chefe foi louvado por Bill Ford, tataraneto do fundador da companhia que leva o nome da família. Segundo o presidente do conselho de administração, Mulally está trabalhando mais em troca de um salário inferior.
Mulally também recebeu os cumprimentos de alguns dos acionistas presentes, especialmente por ter evitado que a Ford tivesse que recorrer aos empréstimos governamentais, como o fizeram GM e Chrysler.
"Somos diferentes das outras companhias", afirmou o executivo-chefe da Ford, mantendo as expectativas de que a montadora sairá do vermelho em 2011.
Mulally disse que o plano de reestruturação da Ford está funcionando, que a companhia está reduzindo seus custos para preservar liquidez e que lançará em 2009 uma série de veículos com a qual espera aumentar sua participação no mercado mundial.
"Temos suficiente liquidez para superar esta queda global, enquanto mantemos nosso plano de produtos sem necessidade de empréstimos governamentais", acrescentou Mulally.
O executivo-chefe explicou que a vantagem da Ford foi o fato de ter começado a reestruturação antes do início da atual crise econômica, o que a permitiu enfrentar a dramática queda de vendas com uma melhor posição financeira.
"Mostramos um forte avanço no primeiro trimestre do ano", afirmou Mulally, apesar de a companhia ter perdido mais de US$ 1,4 bilhão no período.
Já Bill Ford ressaltou que esta crise é a mais grave que já presenciou. "Em todos os meus anos com a companhia, nunca vi condições de mercado tão difíceis como as que temos agora. No entanto, nunca estive mais entusiasmado com nossas perspectivas futuras", afirmou.
Ford também disse que a empresa não pode permitir que o setor manufatureiro americano desapareça.
"Estamos investindo nos Estados Unidos, isso é muito importante para nós", disse o descendente do fundador da montadora.
Tal afirmação de Ford vem a público poucas horas depois de a imprensa americana revelar que a GM pode começar a importar para os EUA carros produzidos na China.
Uma medida do gênero pode causar graves problemas de imagem à GM, em um momento no qual está eliminando milhares de postos de trabalho nos EUA.