Os prêmios nobeis de Economia Edward Prescott e Joseph Stiglitz anunciaram, em evento em São Paulo nesta segunda-feira (11/05), uma "década perdida" em decorrência da crise internacional. As afirmações fazem alusão à paralisia da economia do Japão nos anos 90, conhecida como "década perdida".
"O futuro é sombrio. Provavelmente teremos uma década perdida. Mesmo quando sairmos da crise, será uma era de desconforto e baixo crescimento. É preciso saber quais políticas são as certas", disse Stiglitz. "Estamos em um momento de recuperação muito lenta." Também há consenso entre os economistas de que essa é a pior crise desde a Grande Depressão de 1929, mas eles divergem quanto à origem da turbulência. Para Prescott, a economia dos Estados Unidos começou a fraquejar com as eleições presidenciais no pais e a possível vitória de Barack Obama.
"Os americanos pararam de comprar carro e a indústria parou de produzir com a possibilidade da eleição de Obama", disse Prescott.
Stiglitz rebateu e creditou a essência da crise e sua origem à estrutura de financiamento do consumo nos EUA. "O mercado financeiro dos EUA fracassou. As bases deveriam ter alocação de capital, gerenciamento de risco e custo baixo. Nada foi feito", disse Stiglitz, que defende a necessidade de uma nova rodada de ajudas.
Os economistas concordam, porém, sobre a necessidade de regulamentação do sistema financeiro e do estabelecimento de uma nova estrutura de instituições, tanto bancos quanto órgãos de controle e assistência internacional.
Quanto ao estágio da crise, Stiglitz vê o "começo do fim". "Estamos no começo do fim. Houve contração do crédito e acelerou ajuste de estoques. Estamos enfrentando os problemas de queda no valor dos imóveis, desemprego, fraqueza no sistema financeiro. Tudo isso está sendo afetado. Há uma recuperação lenta. Mas depende das políticas a serem adotadas." Para Prescott, os EUA começam a chegar no fundo do poço. "Se tivesse de colocar um número, estamos em dois quintos da crise. Os EUA estão começado a chegar ao fundo e vai começar recuperação. Mas não será vigorosa. Na Europa ainda não vejo o fim. Talvez no fim do ano chegue lá. Mas vamos precisar políticas de natureza diferente. Pacotes de socorro funcionaram, principalmente na China. Mas agora, com redução dos impostos e novos lucros das empresas", disse Prescott.