A Receita Federal do Brasil (RFB) está autorizada, desde o fim de março, a realizar um dos concursos mais esperados do ano. A nova vedete dos concurseiros oferece 1.105 vagas e salários que chegam a R$ 13 mil. Com atrativos tão interessantes é natural que milhares de candidatos estejam se preparando para a prova que é considerada uma das mais difíceis no âmbito federal.
A seleção, organizada pela Escola de Administração Fazendária (Esaf), é conhecida por ter um longo rol de matérias e questões que exigem conhecimento profundo. Os futuros analistas tributários e auditores fiscais devem começar a estudar o quanto antes. Os professores consultados pelo Correio são unânimes em dizer que a prova elaborada pela Esaf para o concurso da RFB tem peculiaridades. ;É como se essa prova fosse o xodó da organizadora;, brinca Bruno Guilhen, professor de informática. ;As questões são de múltipla escolha e apelam para conceitos e uma visão mais acadêmica dos assuntos;, avalia Júlio César, professor de atualidades e técnicas de estudo.
As dificuldades que aparecem no horizonte dos candidatos podem ter um atenuante: os avaliadores. ;A banca é tradicional na forma de exigir os conteúdos e, por isso, resolver questões de diversos concursos do mesmo nível ajuda a fixar o que aprendem;, ressalta Ailton Barbosa, professor de direito constitucional.
A dedicação exige tempo. Júlio César, professor de técnicas de estudo, sugere aos alunos que criem uma grade de horários intercalando matérias e respeitando os limites de cada um. ;Primeiro é preciso verificar quanto tempo se tem para estudar por semana e distribuir entre as matérias segundo a importância de cada uma na prova;, explica. A dica, segundo Júlio, é trocar de assunto a cada duas horas com intervalo de 10 minutos entre cada uma. Além disso, reservar de 15% a 20% do tempo para resolução de exercícios.
Sem as regras nas mãos, resta aos concorrentes recorrer ao edital do último concurso, ocorrido em 2005. Porém, de lá para cá, a RFB, órgão ligado ao Ministério da Fazenda, sofreu modificações, como a incorporação de atribuições da Receita Previdenciária em maio de 2007. Com a alteração, 4.140 auditores da Previdência passaram a incorporar o quadro de servidores da Receita Federal. ;As atualizações com as novidades que envolvem tanto a área tributária e previdenciária quanto o direito brasileiro fazem muita diferença. Quem ficar focado só nos livros terá dificuldades na prova;, alerta o professor de direito previdenciário Gláucio Diniz.
Determinação
O concurso da RFB foi o primeiro e único processo de seleção pública que o analista tributário Daniel Vieira, de 28 anos, fez. Ele atribui a vitória na primeira tentativa à disciplina e resolução de muitos exercícios. ;Para quem me pergunta costumo dizer que basta um bom livro de cada uma das matérias e muito exercício, muito mesmo;, conta. Para ele, as áreas que mais exigem na hora da prova são português, contabilidade e novidades jurídicas. ;Não tem como fugir desse tripé;, ensina.
O administrador trocou Recife por Brasília depois de ser aprovado no último concurso. Ele conta que se preparou por oito meses em dedicação exclusiva, preservando os fins de semana e os jogos do Náutico, time para que torce. ;Estudava cinco horas diárias, além de fazer cursinho à noite. Descansava nos fins de semana e não perdia um só jogo do Náutico, era sagrado.;
A mudança da iniciativa privada para o funcionalismo público foi motivada pela vontade de ter reconhecimento profissional mais rápido. ;O setor privado não me agradava mais. Era muito esforço para pouco retorno;, justifica. Para tirar o projeto do papel, Daniel se organizou meses antes, alimentando uma poupança antes de pedir demissão. ;Sempre guardava algum dinheiro para emergências, calculei que precisava guardar mais um pouco antes de sair do emprego. Foram quatro ou cinco meses juntando.;
Leia dicas de professores para se preparar para o concurso na edição impressa do Correio Braziliense